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Cotidiano

Gigante dos data centers defende que gasto excessivo de água é coisa do passado

Head de empresa brasileira do setor defende novas tecnologias dos 'supercomputadores' em entrevista à Gazeta

Lucas Souza

03/12/2025 às 17:00

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Brasil possui, atualmente, 163 data centers em operação

Brasil possui, atualmente, 163 data centers em operação | Reprodução

O Brasil possui, atualmente, 163 data centers em operação e cada um desses 'supercomputadores' dependem de uma infraestrutura elétrica de alta disponibilidade, sistemas avançados de refrigeração e uma ampla rede de conectividade.

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A cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, receberá os dois primeiros data centers da Oracle NetSuite no Brasil, mas a vinda desses centros massivos de dados pode implicar em impactos ambientais locais na região.

É em cima deste discurso que Marcos Siqueira, head de estratégia da Ascenty, empresa com 28 data centers instalados no Brasil, pretende desmistificar os impactos ambientais dos mega computadores, com destaque para o consumo hídrico.

Refrigeração em sistema fechado 

A Ascenty possui 25 data centers em operação somente no Estado de São Paulo e, segundo Marcos Siqueira, a empresa adota um sistema de refrigeração com água gelada em circuito fechado, resfriada por chillers a ar. 

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“Ele funciona de forma bem simples: imagine um grande “circuito fechado” onde a água é usada para levar o calor embora. Os chillers são como enormes aparelhos de ar-condicionado que resfriam essa água até ficar bem gelada. Depois, ela circula por tubulações até chegar aos equipamentos que precisam de refrigeração, absorve o calor e volta para o chiller para ser resfriada novamente. Como tudo acontece dentro desse circuito fechado, a mesma água é reaproveitada por muito tempo, sem desperdício. Esse sistema garante que os servidores fiquem sempre na temperatura certa, com alta eficiência e sem gastar água desnecessariamente”, explica o head de estratégia da Ascenty.

Marcos Siqueira destaca que tratar os data centers como “vilões” do consumo hídrico é uma percepção ultrapassada, baseada em modelos antigos que utilizavam torres de resfriamento e gastavam grandes volumes de água.

“Segundo estudo da Brasscom, o consumo hídrico dos data centers no Brasil foi de apenas 0,003% do total nacional em 2022 e deve chegar a 0,008% em 2029, mesmo com a expansão do setor. Isso porque a maioria dos data centers modernos, incluindo os da Ascenty, utiliza sistemas de refrigeração em circuito fechado, que reaproveitam a mesma água por anos, com reposição mínima”, completa Marcos Siqueira.

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A reportagem da Gazeta abordou outros temas relacionados aos data centers em entrevista exclusiva com o representante da Ascenty, incluindo o processo de escolha do local para instalação dos mega computadores e o contato com a comunidade local. Confira:

Gazeta: Quais os elementos e necessidades que permitem o funcionamento de um data center? Como de fato funcionam estes 'megacomputadores'?

Siqueira: O data center é um espaço físico projetado para concentrar equipamentos de TI (servidores, sistemas de armazenamento, redes) que processam e gerenciam dados. Na prática, as informações que estão “na nuvem”, por exemplo, ficam dentro do data center. Ou seja, o streaming a que nós assistimos ou as mensagens que trocamos passam sempre pelo data center.

O funcionamento de um data center depende de três elementos essenciais: uma infraestrutura elétrica de alta disponibilidade, capaz de sustentar o data center de forma ininterrupta, sistemas avançados de refrigeração e uma rede de conectividade altamente redundante — ou seja, que também não pode parar. Esses componentes garantem que os servidores operem continuamente, com desempenho estável e segurança máxima.

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Gazeta: Como funciona, na prática, o sistema de refrigeração de um data center moderno? A água realmente circula por anos sem reposição significativa?

Siqueira: Na Ascenty, adotamos um sistema de refrigeração com água gelada em circuito fechado, resfriada por chillers a ar. Ele funciona de forma bem simples: imagine um grande “circuito fechado” onde a água é usada para levar o calor embora. Os chillers são como enormes aparelhos de ar-condicionado que resfriam essa água até ficar bem gelada. Depois, ela circula por tubulações até chegar aos equipamentos que precisam de refrigeração, absorve o calor e volta para o chiller para ser resfriada novamente.

Como tudo acontece dentro desse circuito fechado, a mesma água é reaproveitada por muito tempo, sem desperdício. Esse sistema garante que os servidores fiquem sempre na temperatura certa, com alta eficiência e sem gastar água desnecessariamente.

Gazeta: Quais os pré-requisitos para se escolher o local onde instalar um data center?

Siqueira: A definição do local para instalar um data center considera fatores como disponibilidade energética, opções variadas de conectividade, segurança física, infraestrutura urbana adequada e análise de impacto ambiental.

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Essa escolha também pode ser muito influenciada pelo local no qual o cliente que contrata o data center quer estar. Quanto mais perto de seus usuários finais a informação estiver, menor será o tempo de espera para a troca de dados (baixa latência).

É importante ressaltar que a escolha resulta sempre de critérios técnicos rígidos e de responsabilidade socioambiental.

Gazeta: Qual a relação da empresa com a comunidade local? O que é divulgado para a população (consumo energético, hídrico, impacto local...)?

Siqueira: Ascenty mantém uma relação ativa com as comunidades onde atua, baseada em transparência e responsabilidade socioambiental. A empresa divulga informações sobre consumo energético, hídrico e impactos ambientais por meio de seus relatórios anuais de sustentabilidade, disponíveis ao público. Esses documentos mostram que 100% da energia utilizada é proveniente de fontes renováveis certificadas por I-RECs, e todas as emissões dos Escopos 1, 2 e 3 são neutralizadas com créditos de carbono, garantindo operações carbono-neutras.

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Em relação à água, os data centers operam com sistemas de refrigeração em circuito fechado, o que assegura WUE (Water Usage Effectiveness) igual a zero, ou seja, praticamente sem consumo hídrico para resfriamento; a água é usada apenas para fins sanitários e monitorada diariamente com metas internas. Além disso, todo efluente gerado passa por tratamento antes do descarte, e mais de 90% dos resíduos são destinados à reciclagem, superando metas do programa Aterro Zero.

A empresa também investe em programas sociais, como capacitação de jovens aprendizes e ações de diversidade e inclusão, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento local e sustentável.

Gazeta: Os data centers são vistos como “vilões” do consumo hídrico. O que o público precisa saber para sobre o impacto real dessas operações?

Siqueira: Os data centers são a espinha dorsal da vida moderna: tudo o que fazemos no mundo digital, das mensagens e vídeos às transações bancárias, telemedicina e inteligência artificial, passa por essas estruturas, que garantem segurança, velocidade e disponibilidade 24 horas por dia. Sem eles, não existiriam serviços de streaming, redes sociais ou sistemas corporativos que sustentam empresas e governos.

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Apesar dessa importância, os data centers muitas vezes são vistos como “vilões” do consumo hídrico, uma percepção baseada em modelos antigos que utilizavam torres de resfriamento e gastavam grandes volumes de água. A realidade atual é bem diferente. Segundo estudo da Brasscom, o consumo hídrico dos data centers no Brasil foi de apenas 0,003% do total nacional em 2022 e deve chegar a 0,008% em 2029, mesmo com a expansão do setor. Isso porque a maioria dos data centers modernos, incluindo os da Ascenty, utiliza sistemas de refrigeração em circuito fechado, que reaproveitam a mesma água por anos, com reposição mínima.

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