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Um dos novos objetivos das grandes empresas é ter uma cadeia totalmente sustentável | Divulgação/re.green
Durante a COP30 um dos principais temas discutidos foi o financiamento climático. O mercado de créditos de carbono é uma das principais ferramentas para frear o aquecimento global.
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Além de valorizar projetos ambientais e diminuir as emissões de gases do efeito estufa (GEE), proporciona valor ao produto em uma cadeia cada vez mais sustentável.
No Brasil, esse mercado está deixando de ser apenas voluntário e tornando-se também regulado por meio da lei n.º 15.042/2024, que estabeleceu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
O primeiro sistema internacional de créditos foi inaugurado em 2005 pela União Europeia.
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O intuito é que os países do mundo devem diminuir as suas emissões de gás carbônico (CO) e ganhar créditos por isso. Esses, podem ser vendidos para outras empresas que não conseguiram reduzir as suas emissões.
Assim ficou documentado durante o Protocolo de Kyoto, em 1997 e aprimorado durante o Acordo de Paris, em 2015.
Gustavo Venda, gerente de sustentabilidade na SGS, uma das principais certificadoras do mundo, explicou ao Gazeta que o sistema de créditos de carbono possui uma tríade:
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1. Acreditadora: estabelece os parâmetros para as certificadoras. Esse grupo realiza uma avaliação criteriosa que vai aprovar um padrão de autenticação no mundo.
“A SGS [certificadora] é autorizada pelo Inmetro [acreditador] a fazer verificações das medições de emissão das companhias no Brasil inteiro. A SGS pode fazer uma auditoria de verificação e chancelar esse dado”, diz Venda.
2. Certificadora: responsáveis por validar os créditos das empresas. Esse grupo de empresas vai confirmar se o crédito de carbono da corporação está conforme normas locais ou internacionais e garantir a qualidade da moeda.
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3. Empresa (gerador ou comprado): antes de ter os dados certificados, a instituição que pretende vender ou comprar os créditos de carbono precisa fazer um estudo das suas emissões e definir um “baseline”, medição inicial.
“Muitas empresas às vezes erram na sua quantificação de emissões, seja para mais ou para menos, e isso vai fazer com que o seu baseline seja ruim”, afirma o gerente.
Caso o relatório apresente maior emissão do que captura de carbono, a corporação pode criar um plano de mitigação e buscar créditos para a compensação, prática conhecida como offset.
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Ao mesmo tempo que, caso uma empresa gere os créditos a partir de um projeto próprio, ela pode fazer o abate interno, prática conhecida como Insetting.
Para Venda, o projeto de carbono precisa financiar aquele e outros projetos e não gerar lucro. É recomendado que a empresa compense apenas as emissões inevitáveis.
O mercado de carbono é regulado pela bolsa de valores e funciona sob os princípios de cap and trade, no qual estabelece um teto de emissões para um grupo de empresas (cap) e permite a compra e venda de créditos (trade).
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O Brasil possui inúmeros projetos para a redução de GEE. A empresa Eccaplan, por exemplo, auxilia outras organizações a identificarem formas de mitigação de carbono com base em uma “fotografia” de um ano.
O Terra-Carbon-Coffee é um exemplo de sucesso no mercado voluntário. Conhecida como agricultura regenerativa, utiliza tecnologia desenvolvida pela empresa Quanticum para fazer o manejo da terra.
No início do projeto, foi realizada uma análise detalhada do solo por dois anos. Depois, o uso de fertilizantes foi reduzido e escolhido um tipo de café que melhor se adapta à região, o que contribuiu significativamente para a captura de carbono.
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“[Isso] Reduziu a emissão de CO2 equivalente e o uso de nitrogênio. Além disso, conseguimos capturar mais carbono no solo. Esses produtores de café evitaram a emissão e capturaram o equivalente a 10 mil toneladas de CO2”, esclareceu Fernando Beltrame, CEO da Eccaplan.
O solo é o maior reservatório de carbono da natureza. Por isso, produzir mais café em uma mesma área permite que o produtor capture mais carbono, processo classificado como sequestro.
Para Beltrame, o mercado de carbono é o principal mecanismo financeiro para viabilizar projetos ambientais sociais. Por enquanto, é mais lucrativo investir no banco do que em uma tecnologia que precisa mudar toda a operação da empresa.
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“Por isso que o mercado de crédito de carbono é importante. Ele vai ajudar a mostrar que vale mais a pena fazer um biodigestor porque você vai ganhar créditos”, afirma o CEO direto da COP30.
Durante a Cúpula do Clima de Belém, o empresário observa um discurso diferente das conferências anteriores. Para Beltrame, “não se fala mais de mudança climática, mas de emergência climática”.
Ao saber que os eventos extremos vão acontecer, a COP30 discute quais ações os governos e o setor privado precisam realizar para se adaptar aos eventos e quais os processos de mitigação para reduzir as emissões de GEE.
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No cenário global, o Brasil apresentou maior protagonismo no combate à emergência climática nos últimos anos. No início desse mês, a empresa re.green venceu o prêmio mais importante de sustentabilidade: Earthshoot 2025.
A premiação criada pelo príncipe William, do Reino Unido, reconheceu o trabalho de restauração ecológica em larga escala na Amazônia e Mata Atlântica por meio de mapas históricos, imagens de satélite e modelos de risco, a startup fez o reflorestamento e impactou todo um ecossistema.
Para o CEO da re.green, Thiago Picolo, o Brasil já é referência na geração de créditos de carbono de qualidade, mas o processo pode ser acelerado com iniciativas de financiamento público-privado e inovações de tecnologia e monitoramento.
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“Precisamos acelerar processos de certificação sem comprometer a transparência e integridade dos projetos para aumentar a geração desses créditos”, argumentou o CEO da empresa que possui até momento três clientes: Microsoft, Nestlé e Vivo.
O mercado regulado nacional ganhou regulamentação em dezembro do ano passado, quando foi publicada a Lei n.º 15.042. Nela, foi instituído o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) conhecido como mercado de carbono.
Agora, o Brasil precisa regulamentar a SBCE através de audiências públicas para chegar às diretrizes de implementação.
Para criar essa estrutura, três fatores devem ser considerados: a credibilidade, rastreabilidade e segurança, explica Rita Ferrão, presidente da Associação Brasileira de Carbono (ABCarbon).
“Nosso grande diferencial aqui no Brasil é que a gente tem áreas verdes gigantescas, uma biodiversidade incomparável. Na Europa, para eles terem 100 hectares lá, é difícil. E aqui, quase qualquer produtor tem essa quantidade”, afirmou Ferrão.
A ABCarbon é uma certificadora que busca incluir os pequenos produtores no mercado de carbono. Por meio de um sistema de Inteligência Artificial, a empresa consegue fazer uma análise de emissões de qualquer propriedade do Brasil via satélite em tempo real.
Ferrão afirma que para esses produtores, o crédito de carbono pode, sim, funcionar como uma segunda fonte de renda. Além disso, a prática do manejo adequado também vai gerar uma receita para esses produtores.
“Acho que é mais fácil a gente distribuir isso, essa renda, esse valor para os pequenos produtores, pequenos, médios produtores”, afirma a presidente. A tecnologia é o principal ponto de acesso aos pequenos produtores.
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