Moradores se revoltam com derrubada de bosque em São Paulo

Um grupo de moradores da Lapa, na zona oeste de São Paulo, acusa a incorporada Tegra de iniciar a derruba do Bosque dos Salesianos, do Instituto Salesianos, com árvores centenárias.

Segundo uma postagem do Movimento Salve o Bosque, criado para lutar pela preservação da área verde da rua Pio XI, a ação de tratores se iniciou na última semana para a construção de um edifício no local.

À Gazeta, a empresa informou que "possui todas as autorizações necessárias para as atividades em seu terreno na Rua Sales Júnior, no Alto da Lapa, incluindo o Alvará de Execução e o Termo de Compromisso Ambiental (TCA), emitidos pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA)" (leia a nota na íntegra ao fim deste texto).

No fim de 2024, a Justiça paulista aceitou um pedido do Ministério Público para impedir a realização de obras e o corte de árvores no local. Segundo a Promotoria, a incorporadora teria iniciado à época as obras as licenças ambientais necessárias.

Uma lei estadual de 1989, assinada pelo então governador Orestes Quércia, impede cortes de árvores de uma série de áreas verdes da cidade. O Bosque dos Salesianos está entre elas.

No último sábado (1º/11), moradores deram um abraço simbólico no bosque. Estavam presentes o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) e os vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Marina Bragante (Rede).

Após contato da Gazeta, a gestão municipal informou que, segundo a Procuradoria Geral do Município, não há, atualmente,  qualquer decisão judicial que impeça a intervenção no local.

"O manejo arbóreo no Bosque dos Salesianos está autorizado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) com fundamentação técnica e legal, prezando pelo equilíbrio ambiental. Para o local consta Termo de Compromisso Ambiental (TCA) nº 463/2025 para o manejo de 118 árvores, sendo 92 delas invasoras, exóticas e mortas e plantio compensatório de 1.799 árvores nativas na região. Para o empreendimento, há alvarás de Aprovação e Execução de Edificação Nova aprovados, emitidos considerando a legislação vigente", informou.

Leia, abaixo, a nota da Tegra Incorporadora, na íntegra:

"A Tegra Incorporadora informa que possui todas as autorizações necessárias para as atividades em seu terreno na Rua Sales Júnior, no Alto da Lapa, incluindo o Alvará de Execução e o Termo de Compromisso Ambiental (TCA), emitidos pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA).

Após questionamentos legais e ambientais, o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a regularidade do empreendimento e autorizou a retomada das atividades. Desde o início do projeto, a empresa vem atuando com total transparência junto aos órgãos públicos.

O manejo arbóreo ocorre conforme critérios técnicos e ambientais da SVMA: cerca de 73% das árvores que precisarão ser removidas encontram-se mortas, são invasoras ou exóticas - o que compromete a regeneração natural do espaço - e 66 exemplares nativos serão preservados.

Como parte de seu compromisso com a cidade e o meio ambiente, a Tegra realizará o plantio de mais de 500 novas mudas nativas e a revitalização de quatro praças na região, com investimento superior a R$ 1 milhão. A companhia reforça ainda seu compromisso com o meio ambiente e com o espaço urbano, por meio do programa Gentilezas Urbanas, que já revitalizou mais de 100 áreas públicas desde 2020".