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Cotidiano

Mulher chamada de feia diz que reportagem ajudou a colocar na TV pessoas fora do padrão

Uma matéria da TV Globo, do início da década de 1990, surgiu nas redes sociais nesta semana e causou uma discussão sobre gordofobia

Bruno Hoffmann

21/07/2020 às 21:36  atualizado em 22/07/2020 às 10:17

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Shahar Boyayan mora hoje em Salt Lake City, nos Estados Unidos

Shahar Boyayan mora hoje em Salt Lake City, nos Estados Unidos | Reprodução/Facebook

Uma reportagem da TV Globo, do início da década de 1990, surgiu nas redes sociais nesta semana e causou uma discussão sobre gordofobia. Na matéria, o então repórter César Tralli entrevista a dona da agência Funny Faces. Chamou a atenção a maneira como Tralli se refere à mulher: “A baixinha, loirinha, gordinha, 80 quilos com cara de bolacha descobriu na própria feiura a sua fonte de renda”.

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A “baixinha, loirinha e gordinha” da matéria é a atriz e empresária Shahar Boyayan, 59 anos, que na época resolveu abrir a segunda agência do mundo focada em pessoas fora do padrão. A primeira havia sido a agência britânica Ugly (“Feio”, em inglês). O motivo: como atriz, ela tinha dificuldades de conseguir papel por ser gorda.

Hoje, Shahar mora em Salt Lake City, nos Estados Unidos, para onde se mudou em 2004. A mulher diz que, ao rever a matéria agora pelas redes sociais, não se incomoda tanto com o tom usado por Tralli.

“O propósito era mostrar que a pessoa que estava fora dos padrões de beleza ainda assim poderia criar uma conexão muito maior com o consumidor. Era esse o intuito da matéria, e com isso deu muito certo. Aquela matéria fez com que a agência colocasse centenas de pessoas na televisão. Nisso, funcionou”, afirma, em entrevista à Gazeta.

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“Quanto a ele ter me chamado de feia, de gorda, sinceramente, ali era o propósito, mas isso acontecia na rua o tempo inteiro. Não era diferente do que acontecia no dia a dia”, explica a atriz.

Segundo ela, o que mais incomoda é a reação de uma entrevistada da reportagem, que faz pouco caso da sua profissão, com a frase: “Tá louco? Essa gorda aí, fazendo comercial de TV?”

“A pessoa falar que porque sou gorda eu nunca poderia estar na TV acho bastante nocivo. Porque com isso ela está dizendo que sua aparência equivale ao seu potencial. Olhando agora, 20 anos depois, é o que eu acho muito errado. Para mim, incomoda muito mais essa frase do que como ele [Tralli] me abordou na época”, explica a empresária.

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Ainda acontece.

Segundo ela, a empresa Funny Faces foi muito bem-sucedida, com participação em centenas de campanhas publicitárias, e só fechou em 2004 porque ela decidiu se mudar para os Estados Unidos. Hoje, ela tem uma empresa de curso de artes para adultos, chamada Curious Mondo.

Com a redescoberta da matéria pelas redes sociais, houve quem celebrasse que aquele tipo de reportagem não existiria mais hoje. Shahar não concorda que o preconceito tenha diminuído tanto.

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“Como não é politicamente correto, sai da mídia, mas não quer dizer que não acontece no dia a dia. E não é só com gordo, mas com todos os tipos de padrões diferentes. Já ouvi em eventos de marketing que pessoas gordas nunca vão chegar a lugar nenhum na vida porque são muito preguiçosas. Ainda se ouve isso, não acabou”, afirma.

Ela diz também ser muito importante que as pessoas não percam a fé em si por causa de preconceitos sociais, e destaca: “É algo curioso: a minoria se encaixa no padrão, e a maioria não se encaixa”.

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