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Nilto Tatto COLABORADOR | /Divulgação
Os militantes e movimentos sociais, cientistas, acadêmicos, produtores e a população como um todo ganharam um importante reforço no combate ao uso de agrotóxicos quando a Justiça Federal do Ceará suspendeu o registro de 63 venenos recém-liberados pelo Ministério da Agricultura. Ainda que em caráter liminar, a decisão mostra que a narrativa falaciosa de setores mais atrasados do agronegócio, construída durante os últimos 50 anos, não é nem verdadeira, nem hegemônica.
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O número representa apenas uma pequena fração dos agrotóxicos liberados desde janeiro, mas ainda assim não é nada desprezível, porque compreende princípios ativos altamente tóxicos, como o sulfoxaflor (relacionado à morte de abelhas), fluopiram (usado para matar fungos) e o dinotefuram (inseticida). Da parte da indústria do veneno, seus representantes lograram um resultado preocupante: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reclassificou algumas destas substâncias e passou a considera-las "pouco tóxicas".
Infelizmente, deixar de chamar de veneno uma substância capaz de levar à morte não diminui a sua periculosidade, mas é o que o governo federal vem fazendo para tentar enganar os cidadãos brasileiros e driblar a fiscalização. A tentativa de maquiar os malefícios dos agrotóxicos faz lembrar de como a indústria do cigarro logrou, por anos a fio, convencer a opinião pública de que seus produtos eram não apenas inofensivos como também carregavam uma série de adjetivos positivos - do charme e elegância da mulher à masculinidade do homem.
Marcas de cigarro promoviam eventos musicais e esportivos, além de campanhas publicitárias que estampavam outdoors e consumiam o caríssimo intervalo do horário nobre da televisão. Não havia ainda uma lei que proibisse o consumo de cigarros em ambientes fechados enquanto famosos de todas as áreas apareciam fumando em comerciais, programas jornalísticos e telenovelas. Qualquer semelhança com a campanha "Agro é Pop" não é mera coincidência. Por isso é tão importante nos contrapormos aos argumentos desta indústria assassina e poder chamar as coisas pelo que realmente são: venenos.
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