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Cotidiano

Médica descobre tratamento inédito contra o coronavírus na Capital

Um medicamento utilizado em ambiente hospitalar traz nova esperança no tratamento de casos mais graves de Covid-19

06/05/2020 às 01:00  atualizado em 07/10/2021 às 13:39

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O anticoagulante já é utilizado em ambiente de UTI

O anticoagulante já é utilizado em ambiente de UTI | Arte: Gazeta de S.Paulo

Foi um dedo arroxeado de uma paciente com Covid-19, internada em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Sírio Libanês, na região central da cidade de São Paulo, no mês de março, o ponto de partida para a descoberta de um tratamento revolucionário no combate à doença. Quem teve o "estalo" foi a pneumologista Elnara Negri, do Sírio Libanês e professora da USP, quando notou a súbita melhora da paciente ao medicá-la com anticoagulante.

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"Ela tinha cianose das extremidades [dedos arroxeados] e um quadro de queda abrupta da oxigenação do sangue, mas ela conseguia respirar sem dificuldade. Entramos com o anticoagulante e a melhora dela foi rápida. Entre seis e oito horas depois a oxigenação pulmonar melhorou muito e os dedos dela não estavam mais roxos", explica.

Essa boa resposta da paciente internada na UTI motivou Negri a procurar médicos do Hospital das Clínicas, também na região central da capital paulista, que estavam estudando como o novo coronavírus havia afetado os pulmões de pacientes que morreram com a doença. Vendo no microscópio o tecido pulmonar desses pacientes, eles perceberam algo novo: a presença de trombos, que são um tipo de coágulo sanguíneo. Eram eles que dificultavam a entrada de oxigênio no sangue - e a falta de ar que os pacientes sentem.

O anticoagulante já é utilizado em ambiente de UTI quando o paciente apresenta os dedos arroxeados. Para utilizar o anticoagulante em outros doentes graves com Covid-19, Negri seguiu o protocolo de aplicar o medicamento em pacientes que não tivessem risco de sangramento, com tumores, lesões cerebrais, no estômago, ou que tivessem tido recentemente AVC ou passado por cirurgia. Na UTI do Sírio, foram 27 os primeiros doentes que receberam anticoagulante. Destes, 25 apresentaram melhora ou foram curados, e apenas dois ainda seguem internados.

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Trânsito livre - Arte: Gazeta de S.Paulo

Com o sucesso do tratamento, ela ampliou o estudo para mais 50 pacientes. A evolução do doente é acompanhada o tempo todo, para verificar se ele desenvolve alguma reação ao medicamento que inviabilize o uso, como lesões cerebrais e gástricas, por exemplo.

Mas a pneumologista faz um alerta: remédios anticoagulantes vendidos em farmácia, que vêm em comprimidos, não servem para este tratamento, somente o que é administrado por uma injeção e em ambiente hospitalar. "Não é remédio para automedicação. Pessoas que tenham coagulação sanguínea normal não podem tomar anticoagulantes sem necessidade porque elas podem morrer por sangramento", avisa.

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Ela também adverte que esse tratamento não é a cura para a Covid-19.

"Tratamos as consequências graves da doença, que atinge até 15% dos pacientes. Os outros têm sintomas mais leves ou podem não ter nenhum. A cura pode vir com um antiviral potente, e o ideal é ter uma vacina", explica.

A professora compartilhou esses resultados com outros colegas e ministrou uma aula para médicos residentes da USP. "Essa aula viralizou, teve grande visibilidade, eu estava angustiada em ver tantos pacientes morrendo que eu precisava compartilhar esse conhecimento", diz. E é essa ajuda de médicos de outras áreas que vai fazer a diferença.

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"Essa tem sido uma boa vivência, espero que a gente aprenda com ela para não cometer os mesmos erros", completa.

Coágulos misteriosos

Não bastassem a falta de ar, tosse, febre, perda de olfato e paladar, o coronavírus pode causar outro sintoma: trombos que bloqueiam a passagem de sangue nas pernas e braços, que pode levar à amputação de membros. Foi o que notaram médicos de Los Angeles, nos Estados Unidos, quando trataram de um ator da Broadway com Covid-19 que acabou perdendo a perna.

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Os médicos ainda não têm uma explicação para isso, mas levantam algumas hipóteses, como uma inflamação dos vasos sanguíneos ou a presença de coágulos nas veias desta parte do corpo devido ao coronavírus.

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