Piscinão milionário: fim das enchentes ou risco ambiental?

A Prefeitura de São Paulo está construindo um novo reservatório subterrâneo no Centro Esportivo Arthur Friedenreich, na Vila Alpina, zona leste da capital paulista.

A obra, iniciada em novembro de 2023, pretende combater os alagamentos recorrentes na avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, importante via de ligação da região. 

O investimento total é de R$ 166,6 milhões, e a Prefeitura estima que cerca de 500 mil pessoas serão beneficiadas com a nova estrutura. No entanto, moradores da região estão preocupados com os possíveis impactos ambientais no local.

Recentemente, a Associação de Moradores do Bairro dos Jardins (AME Jardins), na zona oeste de São Paulo, se reuniu com a vereadora Cris Monteiro (Novo) e com representantes da Prefeitura de São Paulo para debater o andamento do projeto do Piscinão da Praça Portugal.

Moradores preocupados

Apesar da promessa de melhorias, moradores da Vila Alpina demonstram preocupação com os impactos ambientais da obra.

Segundo relatos divulgados pela Folha de S. Paulo, árvores de grande porte foram removidas do local, incluindo uma antiga seringueira, o que causou indignação.

Outros moradores questionam a escolha por mais um piscinão, lembrando que obras semelhantes na região, como o piscinão Guaramiranga, não impediram enchentes após a inauguração.

Eles defendem alternativas mais sustentáveis, como jardins de chuva, parques alagáveis e soluções baseadas na natureza, já adotadas em outras cidades.

A gestão municipal, no entanto, afirma que diante da grande proporção dos alagamentos, o reservatório foi considerado a solução mais eficaz, pois métodos como parques alagáveis ou jardins de chuva seriam insuficientes para conter o volume de água concentrado no vale onde passa o córrego Suzano.

A região, segundo a prefeitura, já conta com outras áreas verdes, como o Parque Lydia Natalizio Diogo, o bosque Figueiras e mais de 140 praças e áreas arborizadas na Subprefeitura da Vila Prudente.

Piscinão na zona leste

Com conclusão prevista para agosto de 2026, o piscinão terá 13 mil metros quadrados de área, 15 metros de profundidade e capacidade para armazenar até 134,5 milhões de litros de água, o equivalente a 54 piscinas olímpicas.

A Prefeitura afirma que a escolha do local considerou critérios técnicos e financeiros, por se tratar de uma área pública, o que dispensou desapropriações.

Além disso, a prefeitura garantiu que toda a infraestrutura do centro esportivo, que conta com campos de futebol, pista de corrida e áreas de lazer, será reconstituída ao fim das obras.

Ainda segundo a prefeitura, o projeto passou por um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) e medidas de mitigação foram adotadas.

Houve redução de 65% na supressão de árvores inicialmente prevista (de 295 para 102), aumento de 547% no número de exemplares preservados (de 23 para 126) e transplante de 80 árvores, o que não estava previsto inicialmente.