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Cada vez mais avós espanhóis se recusam a assumir a rotina dos netos e defendem o direito a uma aposentadoria livre e ativa | Imagem gerada por IA
Em cidades espanholas, é comum ver avós cuidando dos netos nos parques. A cena parece doce, mas para muitos idosos, virou sinônimo de sobrecarga e renúncia à própria liberdade. Na Espanha, cresce o número de avós que dizem “basta” e passam a impor limites.
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A espanhola Cayetana Campo, de 71 anos, é uma delas. “Tenho quatro filhos, e se faço com um, tenho que fazer com todos”, disse à BBC. Para ela, ajudar em emergências é diferente de virar babá em tempo integral. “Agora que me aposentei, quero tempo para mim.”
Segundo especialistas, a chamada “síndrome do avô explorado” afeta cada vez mais famílias.
Um em cada quatro avós na Europa passa, em média, sete horas por dia cuidando dos netos — quase uma jornada de trabalho. A pressão pode vir dos filhos ou da culpa que os avós sentem em dizer não.
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De acordo com o psicólogo Ángel Rull, muitos idosos se sentem culpados por estabelecer limites. “Eles acreditam que há algo errado em não querer cuidar dos netos”, explica.
Essa cobrança, segundo ele, pode causar estresse, ansiedade e até problemas cardíacos.
A Espanha e outros países mediterrâneos valorizam a ideia de família unida, em que todos contribuem. Mas, como alerta o geriatra José Augusto García Navarro, isso nem sempre é saudável.
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“O avô que prioriza o próprio bem-estar ainda é visto como egoísta. É uma avaliação injusta”, diz.
A Sociedade Espanhola de Geriatria recomenda o diálogo aberto. Avós devem deixar claro quando e como podem ajudar. “Diga: ‘Vou ficar com os netos um dia por semana’, e mantenha isso. Não há nada de errado em impor limites”, orienta García Navarro.
Em um mundo que envelhece rápido, o debate sobre o papel dos avós ganha força. Afinal, cuidar dos netos pode ser um gesto de amor — mas não deve significar abrir mão da própria vida.
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