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Cotidiano

Precisamos 'sair do vício do petróleo', diz presidente do Ibama na COP30

Brasil se contradiz ao defender fim dos combustíveis fósseis e investir em petróleo

Leonardo Siqueira

15/11/2025 às 12:30

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Consumidor tem parcela de culpa na demora da transição energética diz Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama a Rádio Internacional

Consumidor tem parcela de culpa na demora da transição energética diz Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama a Rádio Internacional | Valter Campanato | Agência Brasil

Durante a Cúpula dos Líderes, na semana passada, o Brasil assumiu contradições. Ao mesmo tempo em que pautou o debate sobre o afastamento global dos combustíveis fósseis, foi transparente quanto aos planos de abrir novas frentes de exploração de petróleo.

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Nos próximos dias, o mundo terá a resposta se a tática brasileira deu certo e se, ao final de duas semanas, os 195 países conseguirão avançar no tema mais crucial para o combate ao aquecimento global: o fim dos combustíveis fósseis.

Por outro lado, o anúncio da liberação dos testes da Petrobras na margem equatorial, a 170 quilômetros da costa amazônica, ocorreu apenas três semanas depois do início da COP.

"Está todo mundo na contradição. Todos aqui estão pedindo um mundo diferente, pedindo hidrogênio, pedindo energia limpa, mas é um mundo que ainda queima carvão, petróleo e uma série de coisas fósseis", afirma Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a Rádio Internacional Francesa (RFI). 

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Agostinho esteve sob forte pressão do governo Lula para acelerar a autorização dos testes da Petrobras. “A gente precisa sair desse vício do petróleo”, disse.

O presidente do Ibama defende um procedimento rigoroso para a exploração, incluindo cerca de 11 anos de análises, testes e ações complementares, além da instalação de uma nova base de operações de emergência no município de Oiapoque, no Amapá.

“Todas as modelagens apontam que, em mais de 90% dos momentos, se houver um vazamento de óleo, ele irá para mar aberto em vez de atingir a nossa costa. Mas sempre existe risco”, reconhece.

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Risco menor que pré-sal 

Agostinho afirma que os riscos na foz do Amazonas serão menores do que no pré-sal do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. “São muito mais vulneráveis a um acidente do que o bloco 059”, referindo-se ao ponto que recebeu autorização para os testes na margem.

Ao todo, mais de 200 blocos foram mapeados onde a Petrobras acredita haver reservas de petróleo em águas profundas. O bloco 059 fica no Amapá, a 500 quilômetros da foz do Amazonas.

O presidente do órgão ressalta que o pré-sal está mais próximo da costa. Em caso de acidentes naquela região, o óleo tem grande chance de atingir o litoral por conta da corrente do Brasil. “É diferente da margem do Sudeste, em que a maior parte do tempo as modelagens apontam uma maior probabilidade de que o óleo vá para alto-mar”, argumenta.

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Ex-deputado pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Agostinho fez carreira como ambientalista e assumiu a presidência do Ibama no início do governo Lula. Ele destaca que o órgão federal dispõe de alta tecnologia para monitorar o óleo na costa brasileira. Uma parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) permite detectar manchas “em quase tempo real”, por meio de imagens de satélite.

Transição energética lenta 

Quando questionado sobre as incoerências do governo nesta questão, Agostinho afirmou que a transição energética precisa ser acelerada no País e que não está acontecendo na velocidade necessária. “A gente tem hoje, no Brasil, 124 milhões de veículos, dos quais 70% são flex, mas só 30% estão usando álcool. Então, o problema também está com o consumidor. Ele, que podia estar usando combustível limpo, não está”, apontou.

Para Agostinho, a COP30, em Belém, traz esses temas para o debate nacional e poderá impulsionar avanços na conscientização ambiental dentro do País. Mas pondera que a grande frente de batalha do Brasil na transição ecológica é o combate ao desmatamento.

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A devastação das florestas foi responsável por 42% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa em 2024, mesmo após queda recorde de 10% em relação ao ano anterior

“Mesmo que a gente mude a matriz energética, se não mantivermos a floresta em pé, vamos perder tudo”, resume.

*Texto com informações da Rádio Internacional Francesa. 

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