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Cotidiano

Teatro de Contêiner recebe ordem de despejo e escancara tensão no centro de SP

Espaço cultural, sede da Cia. Munguzá, já recebeu mais de 4 mil atividades artísticas

Mariana Ribeiro

29/05/2025 às 12:40  atualizado em 29/05/2025 às 14:08

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'É inadmissível que a cidade de São Paulo destrua teatros como destrói', diz o representante do Teatro de Contêiner

'É inadmissível que a cidade de São Paulo destrua teatros como destrói', diz o representante do Teatro de Contêiner | Nicole D' Fiori/Divulgação

Na manhã da última quarta-feira (28/5), os artistas do Teatro de Contêiner, sede da Cia. Munguzá de Teatro, foram surpreendidos com uma notificação extrajudicial da Prefeitura de São Paulo informando que eles terão 15 dias para desocupar a área municipal em que estão instalados desde 2016, na região da Luz. 

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Com uma proposta inovadora de diálogo entre manifestações artísticas, arquitetura e sociedade, o espaço, que rapidamente alcançou o patamar de centro cultural, foi montado em 11 contêineres marítimos - daí o nome “Teatro de Contêiner”.

Em seus quase 10 anos de atuação, a Cia. recebeu mais de 4 mil ações artísticas, sendo 83% delas gratuitas, impactando cerca de meio milhão de pessoas. E se tornou referência na cidade e no País. O Teatro já venceu prêmios nacionais e internacionais. 

Na notificação, assinada pelo subprefeito da Sé, coronel Salles, a prefeitura diz que a área está em “um ponto estratégico para que seja instrumentalizado um novo programa habitacional municipal, um hub de moradia social”.

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Em nota, a prefeitura diz ter convidado os representantes do teatro para uma reunião ainda na quarta-feira (28/5), na qual apresentaria propostas de imóveis para onde o grupo deveria ser transferido, mas nenhum representante do teatro compareceu.

Os representantes da Cia., porém, afirmam que a Prefeitura enviou um pedido de reunião apenas duas horas antes do horário em que a conversa ocorreria e, por conta disso, ninguém conseguiu comparecer. 

“A Prefeitura reitera que a área será destinada à construção de moradia popular, dentro de um programa que vem recuperando todo o tecido urbano da cidade e que reforça o atendimento de famílias cadastradas em programas sociais de administração”, completa a nota.

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Para a Gazeta, Marcos Felipe, artista e gestor do Teatro de Contêiner, explica que, mesmo sem estarem legalizados - a Cia. ocupa um espaço que servia como terreno baldio na rua dos Gusmões, 43, esquina com a rua dos Protestantes, último ponto da Cracolândia -, sempre mantiveram um diálogo com as instâncias do Estado.

“Ai, de repente, nós fomos surpreendidos com essa notificação para a retirada do espaço. De acordo com a notificação, nos seriam oferecidas outras possibilidades pra gente se mudar, mas essas possibilidades ainda não foram mostradas pra gente”, conta.

O gestor, como representante de todos os artistas do Teatro de Contêiner, afirma que um equipamento com essa magnitude deveria ser regularizado pelo Estado.

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“Ao invés disso, ele está sendo destruído pelo Estado para erguer mais um prédio, com o argumento de que ele servirá como moradia social, sendo que todos nós sabemos que trata-se de um processo de elitização do centro de São Paulo, já que nenhuma dessas moradias que foram erguidas ao longo desses últimos anos serviram para a população vulnerável do próprio centro.”

"É inadmissível que a cidade de São Paulo destrua teatros como destrói", diz.

Para ele, ainda, existem diversos outros terrenos ociosos na região, ou sem finalidade pública, e a pergunta que fica é: “por quê desmontar justamente um equipamento cultural? A forma como o Estado vêm tratando o centro de São Paulo nos deixava com uma certa incerteza, mas não estávamos preparados para essa decisão. Eles esperaram a poeira baixar da Favela do Moinho para agora avançar em cima do Teatro de Contêiner”, 

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Durante a entrevista, o Secretário Municipal de Cultura e Economia Criativa, Totó Parente (MDB), entrou em contato com Marcos Felipe e afirmou que ele, como secretário, não pode fazer nada com relação ao assunto. 

Por fim, o gestor garante que o Teatro resistirá e que a programação da Cia., que tem atividades diárias, permanecerá. 

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