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Camila Ayres, condutora de ambulância em São Paulo | Arquivo pessoal
Profissionais da saúde da cidade de São Paulo relatam que, durante a pandemia do novo coronavírus, vêm sofrendo episódios de hostilidade nas ruas e no transporte público. A Gazeta conversou com uma condutora de ambulância e uma técnica de enfermagem, e elas relatam expulsões de vagões de metrô, provocações e até fechadas no trânsito.
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A condutora de ambulância Camila Ayres, que trabalha na empresa Torre Emergências Médicas, disse que sofreu fechadas de outros motoristas na avenida do Estado, no dia 3 de maio, enquanto transportava um paciente com suspeita de Covid-19.
“No caminho encontrei uns carros no sentido centro de São Paulo. Eu e o técnico de enfermagem estávamos com um paciente com suspeita de Covid. Um desses motoristas me viu e começou a gritar: ‘Isso é uma farsa! Uma mentira!”.
De acordo com ela, logo em seguida outro carro entrou na frente da ambulância, que estava na faixa exclusiva para ônibus (local também permitido para veículos de emergência médica), e reduziu a velocidade de forma proposital.
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“Durante essa pandemia vêm acontecendo coisas do tipo. Muita gente me questiona na rua se isso é verdade [o fato de estar transportando vítimas da Covid-19], e eu levo mais fechadas do que o habitual. Ao mesmo tempo que têm muitas pessoas que nos valorizam, têm outras que nos hostilizam”, afirmou.
A técnica de enfermagem Tayná Meira, que atua em um hospital infantil da Capital, disse que sua vida se transformou após a pandemia. Os profissionais da saúde, segundo ela, vivem sob uma contradição: são vangloriados na televisão e maltratados no transporte público.
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“Existe reconhecimento na televisão, nos jornais, na comunicação, mas na vida real a gente sofre bastante. Uma colega de trabalho foi expulsa de dentro do vagão do metrô por estar com o uniforme do hospital. O hospital até se mobilizou pedindo para que a gente não usasse o uniforme fora do hospital por uma questão de cuidado”.
Segundo ela, o uso do uniforme no transporte público é sinônimo de passar por algum episódio de discriminação. “As pessoas não se sentam ao meu lado no metrô, quando eu estava usando o transporte público [ela passou a ir trabalhar de carro]. Têm amigos que só por estarem de roupa branca as pessoas pedem para se afastar, mudam de calçada. Antes, eu tinha orgulho de trabalhar com o uniforme do hospital. Mas agora tudo mudou”.
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