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Cotidiano

Relembre principais as crises hídricas que São Paulo já enfrentou

Apenas no século 21, estado precisou lidar com algumas crises de racionamento e forte impacto social

José Adryan

27/08/2025 às 15:22

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Medidas tentam prevenir a necessidade de racionamentos mais intensos no futuro

Medidas tentam prevenir a necessidade de racionamentos mais intensos no futuro | Pedro França/Agência Senado

A partir desta quarta (27/8) de agosto, mais de 21 milhões de pessoas não vão receber o abastecimento pleno de água. Isso porque a Sabesp anunciou uma redução na pressão da água por oito horas diárias, durante a madrugada.

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Reservatórios em queda: Grande SP enfrenta o menor nível de água desde 2015 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Reservatórios em queda: Grande SP enfrenta o menor nível de água desde 2015 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Sabesp reduz pressão para conter efeitos da estiagem (Agência Brasil)
Sabesp reduz pressão para conter efeitos da estiagem (Agência Brasil)
Histórico de crises: recorde de 2014 ainda ecoa na memória dos paulistas (Divulgação/Sabesp)
Histórico de crises: recorde de 2014 ainda ecoa na memória dos paulistas (Divulgação/Sabesp)
Periferias sofrem mais com cortes e falta de caixas-d'água (Divulgação/Sabesp)
Periferias sofrem mais com cortes e falta de caixas-d'água (Divulgação/Sabesp)

Isso acontece porque alguns reservatórios que abastecem boa parte da população do estado, estão operando com apenas 38% de capacidade, o menor nível verificado desde a crise histórica de 2015.

Apesar de a companhia descartar risco imediato de racionamento, a população foi convocada a intensificar o consumo consciente. Relembremos, agora, as principais crises hídricas (ou quase) pelas quais o estado já passou neste século.

Apagão de 2001

Não foi exatamente uma crise hídrica, mas no início dos anos 2000, o Sistema Cantareira, responsável por boa parte do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), começou a operar em níveis preocupantes. 

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Em 2003, chegou a acionar o “volume morto” pela primeira vez, indicando que o sistema estava abaixo do nível sustentável.

Como na época, mais de 80% da energia elétrica que abastecia o Brasil vinha de usinas hidrelétricas, a falta de água fez com que o então presidente Fernando Henrique Cardoso anunciasse que o país precisava reduzir em 20% seu consumo de energia.

Na época, medidas tomadas estabeleceram sanções e cortes de eletricidade a quem tivesse gastos exagerados de eletricidade e descontos para os que economizassem além das metas estabelecidas. 

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Observou-se que, mesmo sem rodízios generalizados, já eram frequentes ofensivas de redução de pressão e campanhas de economia, dando sinais claros de fragilidade.

O tal “volume morto” é a porção de água de uma represa que fica abaixo dos níveis de captação convencionais, ou seja, não pode ser retirada por gravidade, apenas com interferência direta humana.

2014 a 2015 - a mais grave da história

Entre 2014 e 2015, a região enfrentou sua mais severa crise hídrica desde que há registros modernos, com o Sistema Cantareira caindo a níveis dramáticos e o uso de “volume morto” intensificado.

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Grandes bônus foram oferecidos para incentivar a economia doméstica, e reduções de pressão e cortes intermitentes prejudicaram bairros inteiros. A partir de dezembro de 2014, o Sistema Alto Tietê chegou a apenas 4,1 % de volume útil, recorde histórico 

O então governador Geraldo Alckmin admitiu a existência de um “racionamento velado”, ou “restrição hídrica”, e enfrentou forte desgaste político. 

Investigou-se também a relação entre a crise e contratos privilegiados com grandes consumidores com descontos de até 70 %, na época, criticados como favorecimento.

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Após a crise, o Estado investiu pesado na integração dos sistemas e na ampliação da infraestrutura.

Foram concluídos o Sistema São Lourenço (2018), as interligações Jaguari-Atibainha, e reforços nos sistemas Guarapiranga, Rio Grande, e a transposição do Itapanhaú (iniciada posteriormente)

2021 - a importância da preparação

A estiagem de 2021 foi considerada a mais severa em quase um século no Sudeste, de acordo com registros pluviométricos da Agência Nacional de Águas e do ONS. 

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Embora os mananciais da Região Metropolitana de São Paulo não tenham chegado ao colapso de 2014–2015, o nível de chuva no outono e no inverno ficou até 40% abaixo da média histórica.

Esse cenário fez com que os reservatórios entrassem em trajetória de queda contínua, especialmente o Cantareira e o Alto Tietê, acendendo de imediato o alerta das autoridades. A Sabesp reforçou campanhas de economia e voltou a adotar manobras de transferência entre sistemas.

O grande diferencial em relação à crise de 2014 foi o peso das obras de interligação concluídas no período seguinte. 

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Graças a essas estruturas, a RMSP conseguiu atravessar o período crítico sem a necessidade de rodízios massivos, ainda que diversos bairros tenham registrado reduções de pressão durante as madrugadas.

Como os principais reservatórios de geração de energia do Brasil também estavam em níveis historicamente baixos, a estiagem em São Paulo teve reflexo direto nas tarifas de luz, que dispararam devido ao acionamento de termelétricas.

O episódio evidenciou como a gestão da água e da eletricidade no Brasil está profundamente conectada, e reforçou a necessidade de políticas integradas para enfrentar períodos prolongados de seca.

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2024 e 2025  - Sinais recentes

A estiagem de 2024–2025 tem sido interpretada por especialistas como o maior teste da resiliência dos sistemas desde a crise de 2015.

As chuvas ficaram abaixo da média desde o verão passado, o que reduziu significativamente a capacidade de recuperação dos mananciais no período mais úmido do ano. 

Como consequência, o volume armazenado caiu de forma acelerada: em agosto de 2025, os reservatórios da Grande São Paulo operavam com apenas 38% da capacidade total, patamar que não era visto há uma década. 

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Esse cenário obrigou a Sabesp a adotar, de forma preventiva, a redução da pressão da rede por oito horas diárias, medida que deve afetar principalmente famílias que não dispõem de caixas-d’água em casa.

De acordo com o coordenador do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), Amauri Pollachi, a decisão expôs desigualdades históricas.

Em entrevista ao portal Brasil de Fato, o especialista afirmou que o impacto da decisão recai com mais força sobre as periferias, onde a ausência de reservatórios domésticos deixa os moradores mais vulneráveis a cortes noturnos.

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A recente privatização da Sabesp, concluída em 2024, levantou dúvidas sobre o modelo de investimentos e de tarifas em momentos de crise.

A medida não tem uma data de término definida, sendo monitorada de perto até que os níveis de chuva e os reservatórios se estabilizem.

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