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Sabiá-laranjeira é a Ave Nacional do Brasil | Dario Sanches/Wikimedia Commons
Com a chegada da primavera no hemisfério sul, neste 22 de setembro, começa o período do característico canto matinal dos sabiás, especialmente no Brasil e na América do Sul.
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Não é coincidência. O canto do sabiá nas manhãs de primavera não é apenas trilha sonora da estação: ele revela o despertar da natureza, marcando o início do período reprodutivo e indicando a abundância trazida pelos dias mais longos.
A cantoria alta é uma forma de os machos afastarem rivais e defenderem território para formar ninho e criar os filhotes. Esse comportamento é impulsionado pelas características da primavera: dias mais longos, temperaturas em elevação e maior oferta de alimentos.
Nas cidades, especialmente as grandes, a iluminação artificial confunde as aves e faz com que o canto comece ainda mais cedo, muitas vezes ainda no fim da madrugada.
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Neste ano, a primavera terá calor acima da média e viradas bruscas no clima no Sudeste.
Além de sua presença sonora, o sabiá-laranjeira também carrega um peso simbólico. Segundo Decreto de 2002, as comemorações nacionais do Dia da Ave devem se concentrar no sabiá-laranjeira, declarado símbolo representativo da fauna ornitológica brasileira e reconhecido oficialmente como Ave Nacional.
O pássaro entrou há muito tempo no imaginário nacional e está em poesias e na música brasileira. Uma das mais marcantes é Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que versou no século 19 sobre uma pessoa com saudades da terra natal:
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“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá”
Já Luiz Gonzaga fez, em parceria com Zé Dantas, o clássico Sabiá:
“Tem pena d'eu (sabiá)
Diz por favor (sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (sabiá)
Onde anda o meu amor? (Sabiá)”
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Chico Buarque e Tom Jobim também compuseram uma música chamada Sabiá, defendida (e vaiada) no 3º Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, em 1968. O público considerava a canção alienada durante uma época de ditadura militar. A música acabaria campeã.
Com o passar dos anos, por outro lado, a letra passou a ser vista como uma canção de saudades dos exilados políticos:
“Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
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Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá”
Os artistas divergiram durante a composição. Chico defendia o uso de “um sabiá”, enquanto Tom argumentava que os caçadores nas matas diziam “uma sabiá”. No fim, prevaleceu a opinião do mais velho, Tom, embora ele não tenha sido o autor da letra.
“É bom ‘uma sabiá’”, ele dizia, “porque é linguagem de caçador. Caçador não fala ‘um sabiá’, fala ‘uma sabiá’, ‘uma gambá’”, lembrou Chico sobre a situação.
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