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Cotidiano

SP será a primeira capital do Brasil a celebrar o patrimônio funerário

Dia escolhido é 3 de outubro, em referência ao início das atividades do Cemitério dos Aflitos

Bruno Hoffmann

01/11/2025 às 09:30

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Velas em reverência a Chaguinhas, santo popular sepultado no Cemitério dos Aflitos

Velas em reverência a Chaguinhas, santo popular sepultado no Cemitério dos Aflitos | Rodrigo Costa/Alesp

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou de forma definitiva o projeto que cria o Dia do Patrimônio Cultural Funerário. O texto seguiu para sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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Com isso, caso a sanção ocorra, São Paulo será a primeira capital do País a ter um dia especial para celebrar o patrimônio funerário. Há uma lei semelhante em Campinas, no interior paulista.

Segundo o vereador Silvão Leite (União Brasil), autor da proposta, o projeto é uma forma de reconhecimento e valorização da memória, da história e da cultura associadas aos cemitérios e às práticas funerárias da cidade.

O dia escolhido é 3 de outubro, em referência ao início das atividades do Cemitério dos Aflitos em 1775, há 250 anos, o primeiro cemitério formal da cidade. Ele ficava onde hoje é o bairro da Liberdade, no mesmo local onde hoje existe a Capela dos Aflitos.

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“Essa data tem um valor especial: valoriza a cultura e a história, reforça a preservação da memória coletiva, incentiva o turismo cultural e estimula estudos e pesquisas sobre a história da cidade”, disse Silvão.

“Além disso, envolve a sociedade na proteção e na valorização desses espaços, fortalecendo nosso sentimento de pertencimento e cuidado com a história de São Paulo”, continuou o parlamentar.

A preservação do patrimônio funerário, segundo o texto do projeto, engloba bens materiais, como túmulos, monumentos e sítios arqueológicos, e imateriais, como rituais, práticas, memórias e saberes transmitidos por trabalhadores do setor funerário.

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Cemitério dos Aflitos

O cemitério desativado foi redescoberto em 2018, quando foram encontradas nove ossadas durante escavações na Capela dos Aflitos. Desde então, se iniciou um processo de pressão ao poder público para exaltar a história negra do bairro, marcado também pela imigração asiática.

Até o século 18, os mortos católicos de classe alta eram enterrados dentro ou em volta de igrejas de São Paulo. Já os corpos dos mais pobres eram deixados em qualquer lugar. Isso começou a mudar em 1775, quando foi inaugurado o Cemitério dos Aflitos.

Esse espaço recebeu corpos de negros escravizados, indígenas, condenados à morte e pessoas não aceitas nos cemitérios católicos.

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Há uma pressão para o espaço se tornar o Museu dos Aflitos, para exaltar o passado de lutas e tragédias dos escravizados em São Paulo. 

“Trata-se de um cemitério público que traz essa mensagem de pluralidade, de acolhimento, de convergência de etnias e culturas que é muito a cara de São Paulo”, exaltou Thiago de Souza, criador do projeto O Que Te Assombra, em entrevista à Gazeta.

Uma das personalidades mais conhecidas sepultadas no local é Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, um cabo do Exército negro que morreu enforcado em 1821 após participar de uma revolta contra desmandos da corporação. Na Liberdade também funcionava a forca pública da cidade.

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Com o tempo, Chaguinhas se tornou um milagreiro popular (como tantos outros que há no País), e até hoje fiéis vão à Capela dos Aflitos para agradecer por graças alcançadas.

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