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Economia

Startup brasileira reduz tempo de diagnóstico de TEA e TDAH, de anos para semanas

Doutorando da USP inova com tecnologia que reduz o tempo de diagnóstico de autismo e TDAH de anos para semanas

Joseph Silva

14/09/2025 às 07:00

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De desafios pessoais a uma startup transformadora, Gabriel Cirino busca democratizar o acesso à identificação de neurodivergências no Brasil.

De desafios pessoais a uma startup transformadora, Gabriel Cirino busca democratizar o acesso à identificação de neurodivergências no Brasil. | Marcos Santos/USP Imagens

Nascido em Três Marias, uma pequena cidade de Minas Gerais, Gabriel Cirino, doutorando em Gestão da Informação pela USP, sempre se destacou pela inteligência, especialmente em matemática. Ele veio de escola pública e era considerado um dos melhores alunos.

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Contudo, Gabriel, que hoje se identifica como neurodivergente com TDAH (Transtorno de Défict de Atenção com Hiperatividade) e TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), enfrentou desafios. Nunca conseguia estudar em casa e demorou 15 anos para se formar em Publicidade.

Essas dificuldades eram reflexo de suas neurodivergências, que só foram diagnosticadas mais tarde. O que no passado foi um desafio se tornou motivação para criar a Braine, startup que acelera (e muito) diagnósticos como esses.

Jornada inspiradora

Preto, egresso de escola pública, atípico e sem berço de ouro. A trajetória desse mineiro no empreendedorismo não foi fácil.

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Ele chegou a perder sua bolsa de estudo do Prouni, empregos e até confundir datas de eventos importantes. "O TDAH não me deixava parado em um lugar. E eu não sabia o que era", diz ele em entrevista à Gazeta.

Apesar de serem traços negativos do TDAH, a hiperatividade e a impulsividade resultaram em um currículo diversificado, com 15 empregos até os 30 anos. Experiência que hoje ele vê como um trunfo para a gestão de sua empresa.

Diagnóstico que mudou tudo

A descoberta do TDAH e do TAG veio durante uma transição de carreira, ao começar um emprego na Seguros Unimed. A partir daí, sua produtividade se transformou.

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"Virei um foguete".

Com acompanhamento e medicação, Gabriel concluiu as disciplinas do mestrado em cinco meses e logo ingressou no doutorado. Ele já escreveu o livro "Fronteiras da Neurodiversidade".

"Eu quero que todos possam ter acesso ao diagnóstico por isso fez toda a diferença na minha vida. Mas no Brasil existem cidades que estão extremamente distante dessa possibilidade", conta.

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Experiências marcantes como a de ouvir mães dizendo que seus filhos se dizem se sentem "burros", impulsionaram Gabriel a criar a Braine. Sua missão é evitar que outras pessoas sofram como ele sofreu antes de obter atendimento médico.

Braine: a inovação que transforma vidas

A startup idealizada por Gabriel surge como uma solução para o diagnóstico de neurodivergências, como autismo e TDAH, que no Brasil costuma levar mais de um ano. O custo para as famílias pode variar de R$5.000 a R$10.000.

A inovação da Braine é uma ferramenta com inteligência algorítmica, baseada nos padrões ouro da neuropsicologia mundial, mas adaptada ao contexto brasileiro. Ela consegue reduzir esse tempo para apenas "semanas".

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A ferramenta atua como um apoio à decisão médica, oferecendo relatórios completos e robustos aos profissionais.

"Isso libera o médico para focar no cuidado e na intervenção, em vez de passar um ano entrevistando", explica o doutorando.

Inovação de baixo custo mesmo em cidades distantes

Um dos grandes diferenciais é a acessibilidade: as respostas podem ser fornecidas via celular, democratizando o acesso ao processo de triagem em todo o Brasil. Isso padroniza e agiliza o processo, inclusive em regiões mais remotas.

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A plataforma da Braine se integra com sistemas como Gov.br e de prefeituras, garantindo segurança e interoperabilidade dos dados. Essa integração permite, por exemplo, a criação de Planos Educacionais Individuais (PEI) nas escolas.

Gabriel destaca que a falta de ferramentas de classificação contribui para o alto custo dos Transtornos Globais e do Desenvolvimento (TGD) na saúde suplementar, superando até mesmo o câncer. A Braine busca mitigar isso.

Visão de futuro e escalabilidade

Atualmente, a Braine busca fechar pilotos com prefeituras interessadas, oferecendo a solução gratuitamente para que possam experimentar seus benefícios, por exemplo, em 50 crianças. Negociações com planos de saúde também estão em andamento.

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O objetivo é escalar a atuação da Braine para clientes finais, psicólogos, planos de saúde e governos. A visão de Gabriel é democratizar o acesso à identificação e cuidado de neurodivergentes em todo o País.

Para atingir essa missão, Gabriel precisa de investimento. Ele busca estabilidade para a equipe operar em tempo integral e expandir a solução para prefeituras e planos de saúde do Brasil.

"Estamos negociando com alguns clientes, mas ainda precisamos de escalabilidade para atingir mais pessoas. Essa é minha missão."

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Inovação brasileira, pensada para latinos e o resto do mundo

O empreendedor explica que a maioria das tecnologias de apoio a diagnóstico que existem são eurocentradas. "Os povos são diferentes. Por isso precisamos de uma solução que considere as especificidades psicoemocionais de cada região".

Como parte do doutorado, ele vai passar um período na Espanha para aprimorar ainda mais a tecnologia para populações ibero-latinas.

Ele ressalta que as ferramentas de identificação existentes são antigas e baseadas em populações caucasianas, não refletindo a diversidade genética e ambiental dos latinos. "A Braine quer criar algo próprio para nossas pessoas".

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Mais do que uma startup, Gabriel vê a Braine como um "movimento" para a inclusão da neurodiversidade. Ele costuma dizer que o tratamento para os transtornos fizeram com que ele virasse "um missil, um foguete". Alguém duvida do potencial de alcance desse torpedo?

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