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Alguns profissionais sentem falta de estrutura ou se frustram com o excesso de autonomia | Freepik
Reduzir cargos de gerência virou comum entre gigantes como Amazon, Meta, Walmart e Estée Lauder. O movimento, apelidado de “Grande Achatamento”, promete mais eficiência e menos burocracia.
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O CEO da Bayer, Bill Anderson, criou um sistema que vai além. Desde que assumiu a empresa em 2023, o executivo tenta provar que uma multinacional pode operar quase sem gerentes intermediários.
Anderson criou o sistema de “Propriedade Compartilhada Dinâmica”, em que os funcionários se autogerem e dividem decisões que antes eram exclusivas dos chefes.
A maioria dos cargos de liderança foi extinto, provocando 12 mil demissões. Os profissionais se organizam em equipes temporárias, chamadas de times de missão, que duram cerca de 90 dias e funcionam como mini-startups.
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Cada grupo atua em um projeto, do desenvolvimento de ferramentas de IA para agricultores à criação de campanhas de sustentabilidade. No fim do ciclo, o time revisa o que deu certo e o que precisa mudar.
A mudança reduziu o quadro da Bayer para cerca de 90 mil funcionários. Segundo Anderson, a meta é eliminar burocracias e economizar mais de US$ 2 bilhões, mantendo o ritmo de inovação.
Um dos exemplos mais citados é o do medicamento Nubeqa, contra o câncer de próstata. Sem processos lentos, o produto ultrapassou US$ 1 bilhão em vendas cinco meses antes do previsto.
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O novo modelo, porém, não agrada a todos. Alguns profissionais sentem falta de estrutura ou se frustram com o excesso de autonomia.
“Há quem ainda queira aprovação para tudo e há quem ache que pode decidir tudo sozinho”, diz Gustavo Pisoni, coach executivo da Bayer.
A pressão por resultados e a troca constante de colegas também criam tensão.
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“A abordagem entre pares parece mais humana, mas a pressão social pode ser ainda mais difícil que a hierarquia”, avalia Noah Askin, da Universidade da Califórnia.
Especialistas alertam que o ciclo de cortar e recontratar gerentes se repete em muitas empresas. Mesmo assim, modelos com menos níveis de chefia têm se espalhado, seguindo o exemplo de empresas como a Buurtzorg (saúde), Haier (eletrodomésticos) e Roche, onde Anderson já havia testado algo parecido.
Há quem veja na inteligência artificial o próximo passo para substituir parte da gestão humana. Outros acreditam que líderes continuam essenciais para dar segurança emocional às equipes.
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“Eliminar chefes sem mudar a forma de comunicar pode recriar a burocracia sob outro nome”, alerta Deborah Lovich, do Boston Consulting Group.
Por enquanto, o experimento da Bayer segue em curso. O contrato de Anderson foi renovado até 2029 e 90 mil pessoas continuam testando o que talvez seja o futuro do trabalho: uma empresa global sem chefes.
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