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Candeia, em primeiro plano, ao lado de Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito | Reprodução/Álbum Quatro Grandes do Samba
O compositor Antônio Candeia Filho ficava a cada Carnaval mais desgostoso com os carros alegóricos gigantescos, além de modelos e artistas de TV com pouca ligação à cultura negra como destaque nos desfiles.
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Por isso ele decidiu criar em 1975 Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo - que até hoje é cultuado no Dia da Consciência Negra, celebrado em todo o Brasil em 20 de novembro.
A agremiação do subúrbio carioca inaugurada também por Neizinho, Wilson Moreira e Mestre Darcy do Jongo se propunha a ir na contramão da modernização das escolas tradicionais, como a Portela, da qual era integrante histórico.
“Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura do nosso povo”, defendeu.
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A Quilombo se transformou em um centro de resgate da cultura negra, com manifestações além-samba, como grupos de jongo, afoxé e maracatu. Os desfiles ocorriam em subúrbios, sem competições.
Entre os bambas que se aproximaram da entidade estavam Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Élton Medeiros e uma infinidade de outros bambas. A Wilson Moreira e Nei Lopes foram dadas a missão de criar os sambas-enredos da escola.
A morte de Candeia, em 1978, representou um baque. Entretanto, a Quilombo permaneceu viva por décadas, sem desfiles regulares, sob a bênção de um busto do compositor.
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“Candeia foi o Zumbi dos terreiros cariocas, desbravando caminhos e lutando pelo orgulho negro", destacou o escritor André Diniz.
Em Dia de Graça, uma de suas composições mais comoventes, Candeia versava:
“Negro, acorda, é hora de acordar
Não negue a raça, torne toda manhã dia de graça
Negro, não humilhe nem se humilhe a ninguém
Todas as raças já foram escravas também
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E deixa de ser rei só na folia
E faça da sua Maria uma rainha todos os dias
E cante um samba na universidade
E verá que teu filho será príncipe de verdade
Aí então, jamais tu voltarás ao barracão...”
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