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Ilha restrita e cheia de história do litoral de SP se abre para o Ano-Novo

Segunda maior ilha do litoral paulista promete Réveillon com 'tranquilidade, boas energias e força da natureza'

Bruno Hoffmann

07/12/2025 às 13:00  atualizado em 07/12/2025 às 15:24

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Ilha Anchieta, em Ubatuba, no litoral norte paulista

Ilha Anchieta, em Ubatuba, no litoral norte paulista | Divulgação/Governo de SP

O único hostel da Ilha Anchieta, em Ubatuba, anunciou a abertura de reservas para o Ano-Novo em um dos lugares mais protegidos de São Paulo. Trata-se, também, da segunda maior ilha do litoral paulista.

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“Passar o Réveillon no Green Haven Ilha Anchieta é escolher uma experiência singular e acolhedora, acessível a todos que desejam iniciar o ano cercados de tranquilidade, boas energias e a força da natureza”, anunciou o hostel, pelas redes sociais.

Cenário natural da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann
Cenário natural da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann
Ilha Anchieta, em Ubatuba, no litoral norte paulista/Divulgação/Governo de SP
Ilha Anchieta, em Ubatuba, no litoral norte paulista/Divulgação/Governo de SP
Um cemitério no local serviu de abrigo para a comunidade búlgara/Bruno Hoffmann
Um cemitério no local serviu de abrigo para a comunidade búlgara/Bruno Hoffmann
Ruínas do presídio de segurança máxima que funcionou no local/Bruno Hoffmann
Ruínas do presídio de segurança máxima que funcionou no local/Bruno Hoffmann
A penitenciária só chegaria ao fim em 1952, após uma rebelião violenta/Bruno Hoffmann
A penitenciária só chegaria ao fim em 1952, após uma rebelião violenta/Bruno Hoffmann

O local ainda é a terra de milhares de animais de fácil avistamento, como arraias, tartarugas-marinhas, cutias, macacos-pregos, quatis e saguis-de-tufos-pretos.

Tudo mudou em 2023

Hoje em dia disputado, o destino só passou a entrar no roteiro de turistas brasileiros e estrangeiros a partir de 2023, quando começaram as atividades do Green Haven depois de uma concorrência promovida pelo governo estadual. Até então, não havia onde pernoitar no local.

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A reportagem da Gazeta se hospedou no fim de 2024 em um dos quartos privativos do hostel, entre a fauna e a flora do Parque Estadual da Ilha Anchieta, uma Área de Proteção Ambiental (APA) nos moldes de Fernando de Noronha – por isso, é chamada por muitos de Fernando de Noronha paulista.

Ao todo, há três edifícios históricos na Praia do Sapateiro, que servem como acomodação e comportam até 70 pessoas de forma compartilhada e privativa, com diárias que se iniciam por volta de R$ 100 e chegam a mais de R$ 1.000.

Já o ingresso para entrar na ilha custa R$ 30 para brasileiros, enquanto o transporte de embarcação ida e volta sai por cerca de R$ 150.

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Acordo por 10 anos

As atrações naturais e históricas do local são ricas e extensas, com sete praias de beleza impressionante. Por isso, o governo estadual – por meio da Fundação Florestal – fez uma série de exigências à permissionária para valorizar o ambiente sem afetar o patrimônio e as espécies viventes.

A vencedora da concorrência para explorar o ecoturismo do parque foi a empresa Ebram Fiore, que já era responsável por um hostel na praia do Perequê-Açu, também em Ubatuba, considerado um dos melhores do mundo. O acordo se iniciou em abril do ano passado e vale por 10 anos.

“Este local é um paraíso, com uma fauna absurda, e temos certeza de que o investimento vai dar certo”, celebrou, com empolgação, o empresário Vinicius Fiore, um dos sócios do empreendimento.

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Atrações históricas

Além das belezas naturais, a história cultural do espaço é grande, e há sinais em maior ou menor grau até hoje. A segunda maior ilha do litoral norte paulista era espaço de rituais religiosos do povo tupinambá (liderado, inclusive, pelo mítico cacique Cunhambebe).

Depois da chegada dos europeus, se tornou um porto intermediário entre o Rio de Janeiro e São Vicente.

O século passado foi especialmente agitado, ao se transformar em 1908 em uma colônia correcional – na prática, um local para encarcerar cidadãos considerados vadios após o fim da escravidão, como capoeiristas e praticantes de religiões afrobrasileiras. O local fechou as portas em 1914.

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Em 1926, chegaram 2 mil imigrantes búlgaros à ilha, que não haviam se adaptado ao trabalho no interior de São Paulo. Sem conhecer nada sobre o local, o grupo acabou se alimentando de um tipo de mandioca tóxica, e 151 morreram em pouco mais de 2 meses, a maioria crianças.

Um cemitério no local serviu de abrigo para os corpos. As cruzes ortodoxas estão no local até hoje em respeito às vítimas de origem búlgara e gagaúza, um povo proveniente da região da Gagaúzia, na atual República da Moldávia e do sudoeste da Ucrânia.

Presídio de segurança máxima

Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930, a ilha voltou a receber um presídio, mas desta vez para criminosos de verdade. Em 1942 passaria a ser um presídio de segurança máxima.

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A penitenciária só chegaria ao fim em 1952, após uma rebelião sangrenta e cinematográfica. É até hoje uma das maiores rebeliões de presos da história do Brasil.

As ruínas do presídio ficam atrás do prédio principal. Está tudo ali: as alas dos japoneses que matavam compatriotas por se negarem a aceitar que o país asiático perdeu a guerra, as solitárias para os criminosos mais perigosos, o espaço dos guardas. Hoje, quem entra nas celas são os saguis e cutias. Melhor assim.

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