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Para o músico, todas as expressões nascidas na Bahia desde os anos 1980 carregam a essência do axé | André Fofano/Divulgação
Aos 40 anos do surgimento do axé, Luiz Caldas, cantor, compositor e instrumentista baiano considerado o “pai” do gênero, revisita sua trajetória e reflete sobre o futuro da música brasileira.
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Em entrevista exclusiva à Gazeta, o artista fala sobre os novos nomes da cena, o legado do movimento e os projetos que marcam o novo momento de sua carreira.
Conhecido pelos grandes shows no Carnaval, atraindo milhões de fãs atrás do trio elétrico e por ser uma das figuras mais emblemáticas da música baiana, Caldas, aos 62 anos, agora aposta em um formato mais intimista.
A turnê “Voz e Violão”, que celebra as quatro décadas do axé e passou por São Paulo, traz releituras de clássicos e momentos de aproximação com o público.
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“O violão é o meu primeiro instrumento. Nesse show, dá pra ouvir um pouco de chorinho, um pouco de música clássica, e tudo isso também faz parte do trio elétrico e do axé music”, conta o cantor.
“É muito legal poder trazer tudo o que aprendi e vivi no trio e condensar em um show de uma hora e meia no teatro.”
Sobre o futuro do ritmo que ajudou a criar, já que o álbum “Magia”, lançado em 1985, é considerado um divisor de águas para o gênero, que combina diversas manifestações musicais, como samba-reggae, frevo, pop e outros ritmos afro-brasileiros, Caldas é categórico: o axé continua vivo e em constante transformação.
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"O axé não é um ritmo como o funk ou o samba. Ele se alimenta de tudo isso, é híbrido e, por ser assim, não vai morrer nunca", afirma ele.
Para o músico, todas as expressões nascidas na Bahia desde os anos 1980 carregam a essência do axé: “O pagodão, por exemplo, mistura samba com o pagode antigo e ritmos mais lentos. Tudo isso é axé. Ele é a raiz de todos os gêneros que vieram a seguir.
Com olhar generoso para as novas gerações, o artista acredita que os músicos que estão começando precisam, antes de tudo, encontrar sua própria identidade.
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“Tem muita gente legal, como a Raquel Reis [cantora e compositora nascida em Feira de Santana, na Bahia], que é da minha terra e tem um trabalho belíssimo”, diz.
“Mas acredito que, nesse momento, os mais novos precisam firmar as ideias deles. Parcerias com artistas mais velhos podem ajudar nos números da internet, mas não na construção da história musical de cada um.”
Ao recordar o início da carreira, Caldas reconhece que não imaginava a dimensão que o axé tomaria.
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“Quando você está lá no centro do furacão, não dá pra sentir exatamente no que vai dar. Eu sabia que estava fazendo a minha carreira e me preocupava com as minhas canções. No momento em que eu cheguei no trio, a gente utilizava uma música pernambucana, que era o frevo, muito bem feito, mas não deixava de ser pernambucana, a gente não tinha um estilo nosso mesmo. Aí, eu consegui dar esse presente e receber esse presente da Bahia, o axé”, explica.
“Canto músicas de 40 anos atrás nos meus shows e as pessoas cantam elas até hoje. Isso é muito bom”, comenta, com um sorriso largo no rosto.
O cantor começou na música ainda criança, aos 7 anos, e, aos 16, já dominava diversos instrumentos. “Quando cheguei no trio elétrico, já era um músico experimentado. Meu primeiro disco vendeu 100 mil cópias só na Bahia, e entrei nas gravadoras validado. Eu mesmo era o produtor e decidi tudo.”
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Hoje, 40 anos depois, Luiz Caldas olha para trás sem arrependimentos.
“Eu diria pro Luiz Caldas lá de trás: 'Velho, segue que você tá num caminho bom, tá tudo certo'. Não mudaria nada, nem os atalhos. A gente aprende mais com os erros do que com os acertos.”
Além da turnê comemorativa, o cantor prepara novos projetos para 2026.
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Após pausar a produção de discos mensais devido a uma mudança de casa, ele pretende retomar o trabalho, que já rendeu 147 discos e 170 canções inéditas, em parceria com nomes como Gilberto Gil, Seu Jorge, Sandra de Sá, Chico César e Zeca Baleiro.
“É um trabalho muito interessante, que pretendo retomar. Também estou montando um show de rock e sigo com o show de axé e os trios elétricos. É muita coisa, graças a Deus”, finaliza.
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