Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
O produtor Primo Preto durante entrevista à Gazeta | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
Nome lendário do hip hop nacional, o produtor Primo Preto planeja criar um festival de rap, trap e funk para 2026 em São Paulo. Este evento comemoraria os 30 anos de atividade da equipe responsável pelos bailes Rap Soul Funk.
Continua depois da publicidade
A afirmação foi feita durante entrevista concedida na redação da Gazeta nesta semana.
“A Rap Soul Funk foi fundada por mim, pela Diana Bouth e pelo Mr. Catra. O Catra infelizmente faleceu, mas eu e a Diana estamos preparando um festival para comemorar os 30 anos”, revelou ele.
A ideia, continuou, é a de colocar em evidência nomes históricos da cultura hip hop e abrir para os novos artistas.
Continua depois da publicidade
Ele contou que a amizade que criou com Catra nos anos 1990, quando o funkeiro carioca ainda era desconhecido, foi transformadora. “Ele mudou minha vida”.
O encontro aconteceu quando Primo tinha acabado de sair da MTV e estava sem ideia sobre que rumo seguir. Catra o convidou para passar uma temporada no Rio, e ali a amizade e o futuro profissional se aprofundaram.
Primo também se marcou por abrir uma série de festas e bailes em São Paulo, sempre com a música negra como protagonista.
Continua depois da publicidade
Primo Preto tem uma das trajetórias mais surpreendentes dentro do hip hop nacional, da MTV a grandes festivais, da amizade com os Racionais a viagens internacionais com Mr. Catra.
Meio irmão de Branco Mello, dos Titãs, ele foi escalado para fazer um teste quando era office boy e se tornou o primeiro apresentador do Yo MTV. Com a influência dentro da emissora conseguiu participar de eventos gigantes do rap, como os shows no Vale do Anhangabaú.
Depois, criou o próprio grupo, se tornou um nome fundamental para a criação de festas black na noite paulista. Também trabalhou com Racionais – para quem emprestou a voz para um momento histórico da música nacional – e com Mr. Catra, a quem só dedica palavras de agradecimento.
Continua depois da publicidade
Ele contou que parte dos primeiros clipes do rap nacional saiu de um show promovido por ele e pelo então vereador Turco Loco, em 1996, no Vale do Anhangabaú. As apresentações foram recortadas e reeditadas para serem exibidas na MTV.
“A gente tinha o programa de rap nacional, porém não tinha videoclipe das bandas de rap nacional. Se eu não me engano, conseguimos fazer mais de 16 clipes nesse festival. Todas as bandas que participaram ganharam os videoclipes”, lembrou.
O agitador cultural também topou na entrevista refazer a introdução de Capítulo 4, Versículo 3, dos Racionais.
Continua depois da publicidade
A música do disco Sobrevivendo no Inferno (1997) começa com o produtor elencando estatísticas sobre o racismo no País. Entre os tópicos citados, com voz firme, estão que os negros eram muito mais vítimas de mortes violentas em relação aos brancos e que estavam à época quase ausentes das universidades nacionais.
Primo Preto recordou que fazia parte da equipe de produção dos Racionais quando foi chamado por Mano Brown no estúdio para gravar algumas estatísticas sobre a situação da população negra no País, sem grandes pretensões.
“Brown tinha conseguido [as estatísticas] em umas reuniões na USP que se discutia o racismo e as questões socioeconômicas e socioculturais das periferias do Brasil. Brown sempre foi muito estudioso”, contou.
Continua depois da publicidade
Ele também destacou um tópico triste. “De tudo o que falei naquela gravação de 1997 só melhorou o acesso às universidades dos negros. De resto, só piorou”.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade