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Sérgio Britto acaba de lançar 'Mango Dragon Fruit', o sexto álbum solo da carreira | Thiago Neme/Gazeta de São Paulo
Nome histórico dos Titãs, Sérgio Britto acaba de lançar “Mango Dragon Fruit”, seu sexto álbum solo da carreira. A novidade conta com participações como as de Roberto Menescal, Bebel Gilberto, Fernanda Takai, Ed Motta, Tamara Salles, Supla e João Suplicy, além de uma faixa inédita de Rita Lee e Roberto de Carvalho.
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Em entrevista na redação da Gazeta, feita nesta semana, o artista revelou que teve a ideia de montar canções sofisticadas e contemporâneas, mas sem soar pretensiosas.
A escolha por um clássico enorme da bossa nova, “O Barquinho”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, foi uma forma de mostrar que o disco tinha uma pegada harmoniosa e com elementos de jazz, mas, também, se mantinha popular.
“Chamei o Menescal exatamente para escolher um desses clássicos absolutos da bossa nova. Eu queria deixar claro que estou fazendo essa mistura. Um dos meus produtores é próximo dele, então rolou a possibilidade de gravarmos juntos, ao mesmo tempo”, revelou.
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Britto se desmanchou pela possibilidade de gravar com Menescal, que, aos 87 anos, está na carreira artística desde a década de 1950.
“Ele não costuma gravar tanto nos últimos anos. A mulher dele até falou para ele: ‘olha lá o que você vai fazer. Vai se meter a cantar?’ [risos]. Ele é um cara superfácil de lidar, uma figura incrível”.
A intenção foi de, enfim, sentir ter criado uma identidade para a sua carreira solo. “O que quero mais do que tudo é que as pessoas ouçam e falem assim: ‘esse som é desse cara’. Quero criar essa identidade”.
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“Mango Dragon Fruit” é o sexto álbum solo de Sérgio Britto, e foi lançado pela Midas Music. O título nasceu a partir de uma bebida homônima da filha do artista vendida pela rede Starbucks.
“A faixa-título fala um pouco dessa coisa do despertar das relações amorosas, dos desejos, e até de negar os desejos. O título faz alusão primeiro a esses ambientes dos adolescentes, depois um pouco do fruto proibido, do pecado original. Foi uma brincadeira, e fora que é um título sonoro”, revelou.
Ao lado de Branco Mello e Tony Belloto, Britto é um dos integrantes originais que se mantêm à frente dos Titãs, uma das bandas mais importantes do rock em língua portuguesa.
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Questionado se os fãs mais puristas podem ser “chatos” como o de outras bandas quando membros do conjunto lançam trabalhos próprios, o artista confirmou: “Às vezes são chatos com os próprios Titãs, imagina comigo. Mas temos muitos fãs com a cabeça aberta, que podem ouvir Iron Maiden, jazz e samba. Não faz muito sentido deixar de conhecer sons que você pode gostar só por um preconceito”.
Ele explicou que nunca se arrependeu se manter nos Titãs ao mesmo tempo que construía uma carreira solo, mas que hoje entende os outros que resolveram deixar o grupo, como Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos.
Revelou que só agora, mais de 40 anos depois da criação do grupo, tem tempo para criar os projetos próprios com a atenção devida.
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“O meu trabalho solo é muito menos conhecido do que seria se eu tivesse saído da banda, porque nesse caso eu teria 100% de tempo para me dedicar a mim. Entendo eles terem saído. Difícil ter uma carreira solo grande sem tempo para se dedicar”, afirmou.
Destacou, porém, que está plenamente satisfeito dentro dos Titãs. “Gosto de estar numa banda de rock. Estou fazendo um disco cool, com outra pegada, mas gosto de sair gritando em cima do palco e fazer o que fiz até agora. Não preciso abrir mão de uma coisa para ter a outra. Me sinto artisticamente mais completo”.
Filho do ex-líder político Almino Afonso (hoje com 96 anos e totalmente lúcido), Britto precisou se exilar no Chile após o golpe militar de 1964. Foi educado em espanhol e voltou ao Brasil só 9 anos depois, com menos referências nacionais que teria se se mantivesse no País.
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Ele, porém, cultivou um ídolo: Torquato Neto, o mítico poeta piauiense da Tropicália que morreu breve, aos 28 anos, em 1972.
Sozinho no quarto, ainda adolescente, em São Paulo, resolveu musicar uma poesia do artista. Nascia Go Back: “Só quero saber / Do que pode dar certo / Não tenho tempo a perder...”
Àquela altura sequer havia os Titãs, que seriam criados na sequência por alunos do colégio Equipe. “Go Back” entrou no álbum de estreia do grupo, e criou um impacto incomum para um lançamento.
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Durante a carreira lançaria, pelos Titãs, canções de sucesso absurdo, como Homem Primata, Diversão, Enquanto Houver Sol, Flores, Comida e Miséria. Uma em especial, Epitáfios, furou bolhas de uma banda que já furara bolhas tantas bezes;
A música lançada no álbum "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", em 2001, contou, sempre foi um dos momentos altos dos shows desde então. Revelou, porém, que nem sempre a canção foi bem-vista.
“É sempre um prazer tocar uma música que gera esse tipo de resposta. Bate os acordes e as pessoas já identificam. Mas teve uma época que os fãs dos Titãs implicavam, achavam brega, mas o tempo mostrou que eu estava certo”, destacou.
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Britto também revelou a importância que teve a reunião de todos os membros principais dos Titãs para uma série de shows pelo Brasil em 2023. A turnê lotou o Allianz Parque, em São Paulo, e uma série de outras casas de shows pelo Brasil.
Para ele, foi impressionante ver o público no estádio da zona oeste da Capital durante as seis apresentações.
“Os shows no Allianz Parque foram muito marcantes. Já tínhamos tocado para públicos muito grandes, em festivais, mas nunca houve um público tão grande só nosso. Foi muito prazeroso”.
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Agora, sairá em turnê com “Mango Dragon Fruit”, além de seguir com as apresentações dos Titãs. Terá tempo para a calmaria e para os gritos, como toda vida clama por ter.
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