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Uli Costa durante entrevista à Gazeta | Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo
Uli Costa é uma das fundadoras do Sandália de Prata, grupo de música afrobrasileira que transita pelo samba-rock e outras vertentes, que se tornou referência em São Paulo e, depois, no Brasil. A banda fará uma apresentação de lançamento do novo álbum nesta sexta-feira (26/9), no Sesc Belenzinho, a partir das 20h30.
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Nesta entrevista, Uli explicou como o conjunto criado no início dos anos 2000 alcançou públicos internacionais e teve a oportunidade de cantar ao lado de nomes que vão de Elza Soares à colombiana Totó La Momposina, de Emicida a Jair Rodrigues.
Ao mesmo tempo, destacou as dificuldades da música independente no País.
Para ela, fazer um trabalho próprio exige um esforço “gigantesco”, já que a cultura brasileira tem uma “relação afetiva com a memória daquilo que cada um traz como referência”.
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“Chamo o público para se entregar também àquilo que estamos fazendo como uma verdade atual”, destacou.
Ela, porém, afirmou que essa dificuldade de recepção muitas vezes é mais dos contratantes “de cabeça pequena” do que das plateias. “Precisamos muito mais da sensibilidade de quem contrata do que próprio público, porque o público sempre nos recebe”.
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O álbum Uli Costa e Sandália de Prata é antecedido por Maloqueiro e Elegante (2017), Desafio ao Galo (2011), Samba Pesado (2009) e Sandália de Prata 2007, todos lançados de forma independente pelo selo Brasuca Discos.
A artista explicou como o bairro do Capão Redondo, onde nasceu e cresceu, foi importante para sua visão sobre o mundo.
Para ela, o distrito se notabilizou como celeiro cultural por uma “necessidade de se mostrar de outra maneira e de criar uma possibilidade de felicidade”, já que estava distante das regiões centrais da Capital, principalmente décadas atrás.
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Os moradores, lembrou, eram vistos apenas como mão de obra para a cidade, o que os forçou a criar a própria cultura, a própria maneira de socialização além da vida profissional.
Os bailes nas casas ditavam as noites dos moradores, onde a dança era o samba-rock, que poderia ser dançada sobre vários gêneros musicais, como o samba, o jazz, o soul e até o rock. “Nesses lugares a gente conseguia existir e resistir”.
Para ela, é um erro ver o samba-rock como um gênero nichado. “É possível dançar com Paul McCartney ou com Jackson do Pandeiro, ou nem dançar, mas assistir. Nas periferias sempre foi uma música constante de aniversários, de chás de bebê. O samba-rock tem uma estética da música preta, mas com uma gama muito grande de opções”.
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Por ser de lá, destacou, aprendeu ainda a amar o rap nacional, como o grupo Racionais MC’s, também do Capão.
Ela também integra o Vozes Bugras, projeto com sete mulheres que reaviva temas iorubá, tupi-guarani e de outras linhas do interior do País, além de levar à frente um elegante trabalho solo.
O grupo, nascido na Universidade Livre de Música (ULM), busca a origem de cada integrante, com foco nas referências musicais, vestimentas e histórias “da música indígena e da música preta”.
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“É música, mas é mais do que música. Buscamos nossas referências em histórias, em vestimentas, em penteados”, destacou.
A artista também lembrou de nomes da cultura nacional com quem já dividiu palcos e estudos. Uma das principais foi Elza Soares.
Entre outros estão: Totó La Momposina, Jair Rodrigues, Wilson Simoninha, Emicida, Fernanda Abreu, Max de Castro, Bnegão, Ellen Oléria, Curumin, Luís Vagner, Kiko Dinucci e Simoninha. Agora, quer manter a longevidade do grupo, para alcançar voos ainda maiores. Com reverência ao passado, mas mirando o futuro.
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