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Grêmio São-Carlense viveu o seu momento mais marcante em viagem à Europa | Wikimedia Commons
No mundo do futebol, há diversos relatos de momentos aleatórios e inacreditáveis que o esporte nos proporciona.
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Um desses momentos marcantes, aconteceu com o Grêmio Esportivo São-carlense, que foi para a Europa e enfrentou grandes times europeus como a Fiorentina e a Lazio, ambas da Itália.
Essa história ocorreu no ano de 1997 e virou até tema de livro. O time extinto em 2005, pode se orgulhar do episódio, que permanece até hoje como um dos mais improváveis do esporte nacional.
A famosa “jornada do herói” começou com uma grande confusão. Na época, o Grêmio de Porto Alegre vivia um de seus melhores momentos: recém-campeão da Libertadores (1995), do Brasileirão (1996) e da Copa do Brasil (1997). O Tricolor Gaúcho era comandado por nomes como Danrlei, Arce, Mauro Galvão, Paulo Nunes e Tinga.
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Por conta do sucesso, um empresário italiano se encarregou de organizar uma excursão de pré-temporada na Europa, mas enviou o convite ao Grêmio errado.
O convite chegou nas mãos do Grêmio São-carlense, que acabava de disputar a Série A2 do Campeonato Paulista e mantinha apenas alguns atletas sob contrato. A notícia pegou todos de surpresa.
“Todo mundo tem passaporte?”, perguntaram aos jogadores durante um treino, sem maiores explicações. Era o início de uma viagem inesperada rumo à Inglaterra e à Itália.
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A excursão começou em solo inglês, onde o São-carlense foi recebido como se fosse uma espécie de equipe alternativa do Grêmio de Porto Alegre. No primeiro amistoso, derrota por 1 a 0 para o Burnley.
Depois, nova derrota para o Tranmere Rovers, por 2 a 0. A real era que ninguém estava entendendo o que estava acontecendo.
Quando a delegação chegou à Itália, a confusão já tinha se dissipado. Ainda assim, o time viveu momentos dignos de filme.
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Escoltas com motocicletas, cafés em hotéis decorados com o escudo do Grêmio gaúcho e estádios que receberiam estrelas do futebol mundial.
O primeiro desafio na Itália foi contra o Perugia, então na segunda divisão, mas com um nome que futuramente ganharia os holofotes: Marco Materazzi, zagueiro que se tornaria campeão do mundo com a Itália em 2006. O placar terminou em 3 a 1 para os donos da casa.
Depois, o São-Carlense encarou a poderosa Lazio, que contava com o meia tcheco Pavel Nedved e o atacante italiano Giuseppe Signori, vice-campeão da Copa de 1994. Apesar do goleiro Silvio defender um pênalti de Signori, o placar foi novamente desfavorável: 2 a 0.
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No encerramento da jornada, o “Lobo da Central” enfrentou ninguém menos que a Fiorentina, comandada por Rui Costa, astro português, e o artilheiro argentino Gabriel Batistuta. Derrota por 1 a 0, mas vitória eterna na memória dos que viveram aquela experiência.
A história, pouco documentada na época, quase virou folclore. Foi resgatada anos depois pelo jornalista Leonardo Cantarelli, autor do livro "O Ano em Que a Europa Conheceu o Grêmio São-Carlense".
“Foi tudo muito silencioso. Quase ninguém soube. Estava entre virar uma lenda urbana ou cair no esquecimento. Decidi investigar e encontrei uma história incrível”, conta o autor.
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Segundo Sérgio Piovesan, ex-presidente e fundador do clube (embora fora da gestão na época da viagem), a chance surgiu por um acaso quase divino.
“A proposta era levar um time chamado Grêmio. O Novorizontino recusou, e acabou vindo para a gente. Não tínhamos nem elenco montado.”
O Grêmio Esportivo São-carlense encerrou suas atividades em 2005, por dificuldades financeiras. Mas o espírito do Lobo da Central resistiu.
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Em 2016, nasceu o Grêmio Desportivo São-carlense, com escudo, cores e mascote inspirados no clube original.
Hoje, disputa a Série A4 do Campeonato Paulista e carrega em sua história uma das excursões mais surreais do futebol brasileiro.
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