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Clube de futebol enfrentou homicidas e submarinos só para jogar bola

Santa Cruz precisou driblar de alemães a indígenas na 'maior epopeia da história do futebol'

Bruno Hoffmann

18/09/2025 às 10:59

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O goleiro King e o centroavante Papeira foram diagnosticados com febre tifoide

O goleiro King e o centroavante Papeira foram diagnosticados com febre tifoide | Reprodução/Diário de Pernambuco

Duas mortes, uma série de enfermos, fome extrema e três meses de uma aventura sem precedentes pelo Brasil. Os acontecimentos fazem parte do que seria uma simples excursão do Santa Cruz à Amazônia, em 1943.

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“Para mim, é a maior epopeia da história da humanidade”, analisa, meio em brincadeira e bastante a sério, o historiador Luiz Antonio Simas.

O plano era simples: o clube pernambucano faria amistosos em cidades do Norte para voltar com uns trocados a mais no caixa. Mas não foi exatamente isso que aconteceu.

Na saída do Recife, devido aos navios alemães que pipocavam pela costa brasileira pela Segunda Guerra, a embarcação com a equipe teve de ser escoltada às escuras pela Marinha até Belém, onde o Santa faria três amistosos.

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Após as partidas, a delegação seguiu para Manaus em um navio que rebocava um batelão carregado com alimentos. A viagem deveria ser rápida, mas durou 15 dias - um grupo armado de indígenas sequestrou a tripulação para confiscar a comida.

Infecção e morte

Após os jogos em Manaus, parte dos jogadores foi acometida por uma forte infecção estomacal. O goleiro King e o centroavante Papeira foram diagnosticados com febre tifoide no barco, que seguia de volta a Belém.

Mesmo assim, os dois atletas voltaram a entrar em campo numa partida contra o Remo. Mas viria o pior. Dois dias depois, King morreria; no dia seguinte, seria a vez de Papeira.

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Era hora de voltar para casa. Mas, devido ao conflito mundial, o governo havia proibido o tráfego marítimo. Somente três semanas depois, a viagem foi liberada, e a delegação conseguiu se encaixar em um navio com destino a Pernambuco, com escala de quatro dias em São Luís.

Com pouco dinheiro, os jogadores viajaram de terceira classe, ao lado de 35 detentos perigosos deportados para o Maranhão.

Futebol por comida

Em São Luís, o clube se viu obrigado a entrar em campo para levantar alguma renda. Até o cozinheiro precisou vestir a camisa de titular para compensar as ausências. Jogo feito, zarparam rumo ao lar. Só que, quase no litoral do Ceará, o comandante recebeu a notícia de que submarinos alemães bloqueavam a passagem, e decidiu retornar ao Maranhão.

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Exaustos física e mentalmente, os jogadores decidiram retornar por terra, pegando carona em um trem de carga até Teresina, que atrasou a viagem ao descarrilar duas vezes. Na capital do Piauí, fizeram um amistoso em troca de comida. Um dos jogadores foi esfaqueado na zona do meretrício, área conhecida por atividades de prostituição.

Só então embarcaram em um ônibus até Fortaleza, de onde conseguiram, enfim, retornar a Pernambuco, dando fim à aventura.

Hoje, o Santa Cruz acaba de conquistar o acesso para a Série C do Brasileirão. O clube espera voltar aos seus melhores momentos. De uma equipe que passou por tudo isso, não é recomendável duvidar de sua força.

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