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Revista Realidade fala sobre os canhotinhas da seleção brasileira | Reprodução
Tal qual os dias atuais, 1968 foi um ano agitado político e socialmente. Embates nas ruas, debates acalorados entre a esquerda e a direita mundiais. Sobrou até para a seleção brasileira de futebol. Naquele ano, parte da torcida pedia ao técnico Aimoré Moreira escalar o trio de canhotos Gérson, Rivellino e Tostão no meio-de-campo. Outro grupo exigia que o time continuasse com mais destros, já que muitos canhotos poderiam deixar o time “penso”.
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Numa excursão pela Europa, a equipe tomou um baile da seleção alemã. No jogo seguinte, contra a Polônia e pressionado pela opinião pública, Aimoré resolveu colocar os três no meio-de-campo. Resultado: Brasil 6 x 3 Polônia, com direito a show de bola dos canhotinhas.
“Eu jogava pela direita, Gerson, pelo meio, e Rivellino, pela esquerda”, explicou Tostão, em entrevista à "Folha".
O sucesso foi tão grande que a escalação permaneceria com a entrada de João Saldanha como treinador – como se sabe, um comunista, o que incitou alguns comentários inusitados na imprensa. Houve quem sugerisse que manter canhotos no time era um modo subliminar de incentivar a esquerda no Brasil.
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A revista "Realidade", por sua vez, em pleno regime militar, ironizou na capa de uma edição: “Nestas esquerdas o Brasil confia”. As alfinetadas ao governo militar continuavam na matéria: “O caminho da seleção brasileira até a Copa do Mundo passa pela esquerda”.
Era provocação, mas a revista não estava errada. O trio de canhotos foi decisivo para o Brasil conquistar em definitivo a Jules Rimet. Nem os militares se incomodaram com essa vitória da esquerda brasileira.
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