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Favorito à Bola de Ouro, Raphinha teve infância difícil e perda de amigos para o tráfico

Atleta nasceu e cresceu em comunidade perigosa no Rio Grande do Sul e revelou que apoio familiar foi fundamental

Leonardo Sandre

30/04/2025 às 18:35  atualizado em 30/04/2025 às 18:38

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Destaque no Barcelona e um dos favoritos a ganhar a Bola de Ouro da temporada 2024/25, Raphinha vive o auge de sua carreira

Destaque no Barcelona e um dos favoritos a ganhar a Bola de Ouro da temporada 2024/25, Raphinha vive o auge de sua carreira | Marcelo del Pozo/Reuters/Folhapress

Destaque no Barcelona e um dos favoritos a ganhar a Bola de Ouro da temporada 2024/25, Raphinha vive o auge de sua carreira.

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Nascido em Porto Alegre, o atleta foi revelado pelo Avaí, de Santa Catarina, e rodou por alguns clubes da Europa até chegar ao clube catalão, em 2022. Por lá, viveu altos e baixos, foi muito criticado, mas respondeu em campo, batendo recordes de Neymar e Messi.

Contudo, seu futuro foi incerto: sua infância foi difícil, contando com a interferência de sua família para que não perdesse o rumo. Raphinha revelou, em entrevista ao UOL, em 2021, que perdeu muitos amigos para o tráfico.

Infância difícil em uma comunidade em Porto Alegre

Ainda jovem, o atual camisa 11 do Barcelona revelou que teve diversas oportunidades para entrar no mundo do crime.

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''Algumas oportunidades aparecem - e são muitas. Prometem um jeito mais fácil de ganhar dinheiro. E é aí que as pessoas se perdem. Eu nunca saí do caminho, mas presenciei, andei junto de pessoas que estavam se perdendo'', iniciou.

Com isso, o craque afirmou que perdeu amigos que jogavam até "10 vezes mais do que ele".

''São momentos, infelizmente, em que pessoas que não têm um foco grande, uma família para se apoiar, se perdem. Em momentos assim, perdi muitos amigos para o mundo do crime, para o tráfico... Amigos que jogavam até dez vezes mais que eu, que poderiam estar em um grande clube do mundo'', lamentou.

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Mesmo com as dificuldades, manteve o sonho de ser jogador, e teve o apoio de sua família.

''Ter esses exemplos tão próximos foi um fator importante para que mantivesse meu foco. Eu sabia o que queria desde muito pequeno: ser jogador de futebol. Conseguir esse objetivo saindo de uma comunidade é um sacrifício muito grande. Mas a minha ambição era ainda maior'', lembrou.

As boas amizades também foram de enorme ajuda para sua trajetória. Comida, viagem e apoio eram de grande importância na vida dos jovens aspirantes a jogadores, segundo Raphinha, isso contribuiu para que eles ajudassem a salvar a vida um do outro.

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Ao Players Tribune, portal de relevância mundial que conta com relatos de jogadores, Raphinha contou algumas curiosidades sobre sua trajetória, entre elas, a da importância destes amigos.

"Não estou falando de salvar uns aos outros da morte e dos cartéis de drogas aqui. Muitas vezes eram as pequenas coisas. A Restinga fica longe do centro da cidade, então para alguns jogos teríamos que sair de manhã e voltar para casa à noite. Muitas vezes mal tínhamos a chance de comer, então se um amigo pudesse compartilhar um pouco de comida com você depois do jogo, você não precisava ir para casa com fome. Outras vezes eu não podia pagar a viagem, o que me fazia chorar, porque eu queria muito jogar. Mas um amigo pode ter uma mãe que pode pagar o passe mensal de ônibus e, de repente, você estava pronto para ir".

Para se alimentar, chegavam até a recorrer a estranho nas ruas, que muitas vezes os confundiam com criminosos.

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"Quando nenhum de nós tinha comida, perguntávamos a estranhos nas ruas. Você realmente tinha que estar desesperado para fazer isso, mas estávamos com tanta fome, cara. O problema era que as pessoas tinham medo de nós. Pense nisso: você acabou de jogar futebolestá sujo e suado, talvez tenha algumas cicatrizes e hematomas também. Eles achavam que queríamos roubá-los, sabe?"

Influência da família para o caminho certo

Destaque do Barcelona, Raphinha afirmou que sua família foi crucial para mantê-lo no trilho. Conversas sobre o futuro e o apreço pela educação pregados pela família fizeram com que seu foco se mantivesse no lugar certo: realizar seu sonho e ter um futuro brilhante.

''A minha família foi muito importante. Eles nunca me proibiram de fazer as coisas, mas sempre me mostraram qual era o caminho certo e o caminho errado. Foi por eles que nunca larguei a escola. Foi pelas conversas com eles que ignorei as oportunidades que tive de seguir pelo caminho errado. Por causa deles estou aqui. O garoto da comunidade conseguiu passar por tudo isso rumo a grandes palcos. Se hoje falam da minha "magia" em campo, eu digo: essa é a verdadeira magia'', concluiu.

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Raphinha classifica que "teve sorte". Aos 17 anos, ele conta que atuava apenas em torneios de várzea, e gastava mais dinheiro em viagens do que a família dele podia pagar.

"Meu objetivo era obter uma mesada mensal de uma academia para ajudá-los, mas como isso não aconteceu, foi fácil para mim considerar outras maneiras de ganhar dinheiro. Muito fácil. Mas não há paz nesse mundo, e eu perdi amigos suficientes para saber disso. Você está vivo hoje, morto amanhã".

Os pais do atleta estavam cientes do perigo, e monitoravam a situação de perto, garantindo bons conselhos. 

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"Meus pais sabiam. Havia alguns exemplos na família de pessoas que haviam seguido esse caminho, e não terminou bem. Tive a sorte de ter uma família que poderia me dar conselhos, porque na minha comunidade era muito comum ser criado por um pai solteiro, ou mesmo apenas um irmão mais velho ou um vizinho ou um amigo. Se eu tivesse que contar os amigos que tive que foram criados por dois pais, nem precisaria de uma mão cheia."

Ameaças em torneios de várzea

Outra curiosidade revelada ao Players Tribune foi de que, durante os torneios de várzea, no começo de sua carreira, recebia ameaças de morte caso tivesse um bom desempenho contra a equipe do indivíduo.

"Felizmente, as ameaças de morte eram apenas ameaças. Sabíamos que eram os torcedores da casa tentando entrar em nossas cabeças. Mas muitas vezes você veria os chefes da comunidade ficarem ao redor do campo com armas. Você poderia estar prestes a marcar quando um tiro aleatório disparasse. Deixe-me dizer-lhe, isso pode meio que te desanimar! Os fogos de artifício também, cara. É por isso que eu sempre digo que se você pode jogar nos jogos de várzea, você pode jogar em qualquer lugar".

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Sonho de ser jogador também veio do tio de Raphinha

O camisa 11 revelou que seu tio tinha o sonho de ser jogador, mas abandonou a ideia após extensas dificuldades, como a falta de dinheiro e de oportunidades.

Hoje, com o sonho de ser um jogador de futebol de sucesso realizado, Raphinha dá razão ao tio.

"O preço é alto, especialmente quando você vem de longe como eu. Você não vê seus amigos crescerem. Você não conhece seus filhos. Quando seus avós adoecem, você não pode estar lá para ajudá-los. Como venho de uma favela, também perdi muitos amigos para o crime. Muitos estão na prisão. Alguns estão mortos. Nós nunca conseguimos dizer adeus."

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Depois da tempestade...

Após uma carreira de sucesso no futebol português, Raphinha foi contratado pelo Leeds United, da Inglaterra, e por lá chegou à Seleção Brasileira.

No clube inglês, foi o grande destaque, salvando a equipe do rebaixamento e sendo reverenciado pelos torcedores. Na Seleção, foi um dos principais destaques antes da Copa de 2022.

Tudo isso o credenciou a ser a contratação de peso para o Barcelona, um dos times mais relevantes do futebol mundial. Outro sonho realizado.

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Criticado pelo baixo desempenho e pouco espaço com Xavi, antigo treinador do clube catalão, o brasileiro viu o jogo virar na temporada 2024-25, sob o comando do técnico alemão Hansi Flick.

Nesta temporada, Raphinha destronou Neymar como o brasileiro com mais participações em gols (gols + assistências) na Europa.

Além disso, ultrapassou simplesmente Lionel Messi, se tornando o jogador que mais contribuiu diretamente para gols pelo Barcelona em uma edição de Uefa Champions League.

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