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NBA aposta no Brasil e encontra no País um dos maiores públicos do mundo

Executivo da liga e o campeão da NBA comentam o crescimento do basquete, o papel do streaming e o desafio de formar novos talentos nacionais

José Adryan

23/10/2025 às 15:20  atualizado em 23/10/2025 às 18:12

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Brasil se torna o segundo maior meraco da NBA fora dos Estados Unidos

Brasil se torna o segundo maior meraco da NBA fora dos Estados Unidos | Inovafoto

A temporada 2025–2026 da NBA começou nesta terça (21/10), mas o impacto do início do campeonato se sente também deste lado do continente. O Brasil se consolidou como um dos principais mercados da liga fora dos Estados Unidos, com mais de 50 milhões de fãs declarados e índices recordes de audiência e engajamento.

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Brasil ultrapassa 50 milhões de admiradores e se torna um dos maiores mercados globais da NBA
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Ações presenciais da liga fortalecem a conexão com o público e ampliam a presença do basquete americano no Brasil (Fotos: Inovafoto)
Ações presenciais da liga fortalecem a conexão com o público e ampliam a presença do basquete americano no Brasil (Fotos: Inovafoto)

Segundo dados da própria NBA, o País figura hoje entre os três maiores públicos internacionais, ao lado de México e Filipinas. A expansão é perceptível em todas as frentes: transmissões ao vivo, redes sociais, eventos e consumo de produtos oficiais.

No digital, o crescimento é expressivo: o Star+ registrou aumento de 60% nas horas assistidas e o League Pass teve avanço de 50% na última temporada.

Para Thiago Splitter, campeão da NBA pelo San Antonio Spurs e hoje técnico do Portland Trail Blazers, o salto de interesse brasileiro está diretamente ligado à democratização do acesso.

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“A NBA sempre teve apelo, mas tudo mudou com a chegada da internet. Antes era preciso ter TV a cabo. Agora qualquer pessoa assiste de onde quiser. Isso colocou a NBA dentro das casas brasileiras”, afirma o ex-jogador em entrevista à Gazeta. 

Ex jogador da NBA, Tiago SplitterThiago Splitter, campeão da NBA pelo San Antonio Spurs - Foto: Reprodução/Youtube

Splitter, que acompanhou a transformação do consumo desde quando era jogador, observa que o público atual vive a liga de maneira mais imediata.

“Antes a gente esperava o programa NBA Jam para ver as melhores jogadas. Hoje são os highlights que prendem a atenção no começo. A partir daí, as pessoas passam a acompanhar séries, seguir jogadores e se tornam fãs de verdade”.

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O consumo fragmentado, feito por cortes e vídeos curtos, é o principal formato de contato da nova geração com o basquete. Ainda assim, a relação com o jogo segue forte. Para o ex-jogador, a diferença é apenas na forma de acesso: “Quem quer basquete de alta qualidade vai sempre ter onde assistir”, diz.

Nesse sentido, Sérgio Perrella, vice-presidente de licenciamento e varejo da NBA na América Latina, afirma que existe um planejamento da liga para atender a esta nova forma de consumo.

Sergio Perella, Vice presidente de varejo da NBA américa latinaSérgio Perrella, vice-presidente de licenciamento e varejo da NBA na América Latina - Foto: Divulgação

“A NBA é pioneira também em trabalhar nas mídias sociais e em novos formatos de conteúdo para os jovens. Então, highlights, jogadas da semana, as melhores enterradas,. Tudo isso a nossa equipe de conteúdo formata todo dia para levar principalmente as mídias sociais”, conta Perrella.

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“A NBA trabalha muito forte nesse sentido, fazer com que essas jogadas cheguem aos fãs mais jovens, que gostam de consumir as coisas mais rápido. Em quatro, cinco minutos, ver tudo o que aconteceu”, complementa.

Brasil como mercado prioritário

De acordo com Perrella, o País é uma das principais prioridades da liga fora dos Estados Unidos. O público brasileiro, segundo ele, tem um perfil diferente de engajamento, ativo nas redes e disposto a consumir experiências ligadas à marca.

O Brasil possui atualmente 33 lojas oficiais da NBA, o maior número fora da América do Norte, e registra crescimento contínuo no varejo. Além disso, eventos como a NBA House, realizada durante as finais, atraem multidões: em 2024, mais de 45 mil pessoas passaram pelo espaço montado em São Paulo.

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De acordo com levantamentos da liga, dos quase 60 milhões de fãs que a NBA tem no Brasil, apenas 15% são os chamados “core fãs”, que são os consumidores mais assíduos da liga. Os outros 85% são chamados de fãs casuais, que apesar de não consumirem com tanta frequência jogos ou produtos da NBA, estão dispostos a interagir com iniciativas da marca.

Perrella destaca que além do esforço da liga para alcançar novos fãs, também existe um trabalho para transformar os fãs casuais em “core fãs”. Uma das estratégias para aproximar esse consumidor distante é democratizar o acesso aos jogos da liga.

Atualmente os jogos podem ser assistidos pelo Amazon Prime, Espn, Disney+ e NBA League Pass que tem parceria com a operadora Vivo. Ainda assim, alguns jogos são transmitidos gratuitamente no canal do Youtube da NBA Brasil, com a intenção de aproximar ainda mais o público.

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Paradoxo Brasileiro

O crescimento da audiência e do consumo contrasta com a redução do número de jogadores brasileiros na NBA. Hoje, apenas Gui Santos, do Golden State Warriors, representa o País na liga.

Nos anos 2000, o cenário era diferente: Splitter, Leandrinho, Nenê e Anderson Varejão faziam parte de uma geração que colocou o Brasil entre as principais potências do basquete fora dos Estados Unidos.

Splitter vê essa ausência como parte de um ciclo natural, mas identifica um problema mais profundo na formação de atletas.

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“Existem anos de safras melhores e piores, isso acontece em todos os países. O problema é que o Brasil não trabalha pensando a longo prazo. Se quisermos jogadores fortes com 25, 28 anos, o investimento precisa começar quando eles têm 10”, avalia.

O técnico também aponta deficiências estruturais que dificultam o desenvolvimento da modalidade.

“Nem toda escola tem uma quadra, nem todo bairro tem uma cesta. É impossível crescer assim. A estrutura que existe na Europa, que já é menor que a dos Estados Unidos, ainda é muito superior à do Brasil.”

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Apesar das dificuldades, ele acredita que o aumento da popularidade da NBA pode servir de estímulo para que mais jovens procurem o basquete.

“Quando os políticos perceberem que existe demanda, que as crianças querem jogar, talvez passem a investir, mesmo que por interesse próprio. Mas é um começo”, afirma.

Inovação e desafios

A NBA aposta que o interesse do público brasileiro ainda pode crescer. Perrella destaca que o País é visto internamente como “um dos mais promissores do mundo” e que há planos para ampliar as ações locais. Entre elas, a realização de um jogo oficial no Brasil, algo que a liga estuda há alguns anos.

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“A gente sonha com a possibilidade de em breve trazer mais um jogo para o Brasil. Mas isso envolve diversas outras situações, como, por exemplo, uma arena que caiba e que proporcione uma experiência real do que é a NBA”, explica o executivo.

A estratégia, segundo ele, passa por consolidar a NBA como uma marca que ultrapassa o esporte. A ideia é aproximar a liga de novos públicos e manter o ritmo de crescimento que vem se acelerando desde o início da década passada.

Apesar de não haverjogos no País, os projetos criados no Brasil têm sido vistos como inovadores e influenciado a operação da NBA em todo o mundo.

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“O Brasil não só é um mercado prioritário para a NBA, mas é também um mercado de muita inovação. Por exemplo, a NBA House. Tudo começou praticamente no Brasil, e a NBA House hoje está se tornando uma plataforma global. Lá atrás, quando fizemos a NBA dentro do Rock in Rio, isso foi uma coisa inovadora”, destaca Perrella.

“Ter 33 lojas no Brasil inteiro é uma inovação, porque no mundo não existe essa quantidade de lojas. O NBA Park em Gramado é um produto fantástico, você ter um parque de diversão da NBA no Brasil, é o primeiro no mundo”, acrescenta o executivo.

O basquete em ascensão

Mesmo sem a presença constante de jogadores brasileiros na liga e com um cenário esportivo ainda dominado pelo futebol, o basquete americano se tornou um dos principais produtos esportivos consumidos no País. A combinação de acesso digital, identidade cultural e investimento comercial transformou a NBA em referência de entretenimento esportivo no Brasil.

Splitter resume o movimento de forma direta:

“O crescimento da NBA no Brasil não vai parar. Quem quiser consumir basquete de alto nível, com grandes plataformas de entretenimento, vai sempre ter onde assistir.”

Com a nova temporada em andamento, a tendência é que o País amplie ainda mais sua presença entre os maiores mercados da liga, um público que, mesmo a milhares de quilômetros de distância, já faz parte da rotina global da NBA.

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