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Esse é um belo exemplo do amor além da rivalidade | Reprodução: YouTube
Desde sempre, o futebol tem sido palco de paixões intensas, paixões que ultrapassam os limites de clubes, cores e rivalidades.
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Em muitos casos, esse sentimento se molda ao longo da vida, sendo reforçado pelas histórias familiares, pelas lembranças de infância e pelos momentos vividos no estádio.
Há quem carregue o time no peito desde cedo, quem se descubra torcedor na adolescência, e há ainda aqueles cujas escolhas futebolísticas sofrem reviravoltas, às vezes por decisões pessoais, muitas vezes por afetos que superam a lógica esportiva.
Nesse universo de fé e sentimento, uma narrativa em particular chama atenção: a de Eduardo Macedo Bernardi, que até então era torcedor do Corinthians, mas escolheu vestir outra camisa por um motivo muito mais profundo que mera preferência esportiva.
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Trata-se de uma virada simbólica, um gesto de amor filial que revela como o futebol, apesar de suas rivalidades, pode servir como elo de união entre pai e filho. Essa transformação, embora improvável aos olhos de alguns, mostra que o esporte também é terreno fértil para atos de afeto, renúncia e reconciliação.
Tudo começou quando o pai de Eduardo, Eduardo Gollo Bernardi, foi diagnosticado com câncer de próstata em 2016. A notícia foi um choque, claro, mas também um ponto de inflexão na trajetória familiar.
Muitos não imaginariam que um laço tão íntimo entre pai e filho poderia ganhar expressão também na arquibancada, transformando não só uma rotina de jogo, mas uma identidade esportiva que parecia inabalável.
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Após tratamento que envolveu cirurgias e radioterapia, houve um momento decisivo em que Eduardo Macedo decidiu acompanhar o pai nos jogos. Não apenas como espectador, mas como companheiro de torcida.
A ideia era clara: compartilhar o ritual, dividir os nervos, abraçar a causa do outro. É um movimento de proximidade, e não de contradição, ainda que para muitos soe como renúncia ou traição aos próprios hábitos.
O ápice desse processo de mudança ocorreu no fim de 2018, quando pai e filho se tornaram sócios-torcedores do Palmeiras. Nesse passo, o torcedor que até então se revelava inteiramente vinculado ao Corinthians comprou também uma camisa do Verdão, passando a acompanhar os jogos ao lado do pai, vestindo as mesmas cores.
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Essa decisão foi, para ele, a concretização de um desejo maior: torcer com quem amava.
Não se tratou apenas de escolher outro clube, mas de incorporar um símbolo novo num gesto concreto de proximidade.
Foi uma mudança que exigiu coragem, especialmente diante da hostilidade que poderia surgir de outras torcidas, e que, ao mesmo tempo, reforça como o futebol pode ser ferramenta de reconciliação e expressão de sentimento.
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Naturalmente, ao assumir publicamente a nova identidade de torcedor palmeirense, ele enfrentou críticas, piadas e até incompreensão por parte de pessoas que viam seu ato como algo estranho.
Porém, ele se manteve firme em seu propósito. Nas redes sociais buscou explicar os motivos, e com isso alcançou respeito de muitos que, antes, duvidavam de suas intenções.
Para ele, jamais houve vergonha ou arrependimento, pelo contrário: a alegria de ver o pai vibrar ao lado, usando a mesma camisa, é algo insubstituível.
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Ver a expressão no rosto dele dentro do estádio, como cúmplice e companheiro de arquibancada, acaba por reduzir a importância simbólica das cores e rivalidades diante de algo muito mais essencial: o vínculo familiar.
A história de Eduardo evidencia algo precioso: que paixões futebolísticas, mesmo quando intensas, nem sempre permanecem imutáveis.
Elas podem se transformar, se sobrepor, se ajustar, sobretudo quando o que está em jogo é algo maior do que o resultado de um jogo. Nesse caso, o laço entre pai e filho, sustentado por memória, doença e desejo de proximidade, se impôs sobre toda lógica de rivalidade.
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É também um lembrete de que no futebol, palco de disputas tão viscerais, reside uma dimensão humana muitas vezes escondida: jogadores, torcedores, clubes, cores, são elementos de pano de fundo para histórias humanas.
E, às vezes, quem muda de time não é traidor, e sim quem escolhe amar melhor, acompanhar quem mais importa. Nesse sentido, o verde não é apenas cor, mas expressão de afeto e escolha compartilhada.
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