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Hélcio sempre brincou de ser Papai Noel, mas se dedica profissionalmente a alegrar crianças na época natalina desde 2017 | Gazeta de S.Paulo
"Encanta, e muito". É dessa forma que o gestor ambiental Hélcio Junior responde ao ser questionado se a figura do Bom Velhinho ainda encanta meninas e meninos, em um tempo de redes sociais. "Quando a criança está na frente do Papai Noel, sente que está na frente de uma entidade".
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Jornalista por formação e criador da ONG Floresta em Pé, que atua para preservar a Mata Atlântica, Hélcio, 54 anos, morador de São Bernardo do Campo, sempre brincou de ser Papai Noel, mas se dedica profissionalmente a alegrar crianças na época natalina desde 2017. Naquele ano foi contratado por um shopping da cidade de Barretos, no interior de São Paulo. O trabalho no shopping lhe rendeu um convite para passar um dia voluntariamente no Hospital de Câncer de Barretos, rebatizado como Hospital de Amor, referência nacional no tratamento humanizado contra o câncer. Voltou em 2018. E neste fim de semana vai alegrar novamente a molecada na instituição de saúde. Virou missão de vida.
Ele se lembra de uma pessoa que se aproximou para falar algo, antes de ele entrar no helicóptero rumo ao hospital pela primeira vez. "Ele me disse: 'Prepare-se. Porque para quem não está acostumado pode ser muito intenso emocionalmente'".
Ele comprovou depois que há realmente momentos de extrema emoção (leia ao lado), principalmente no setor de cuidados paliativos. Ou seja, de pacientes sem chances de cura.
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"Quando você sabe que a criança não tem chance de salvação, não é fácil. Mesmo com brincadeiras, com gente tocando música ao meu redor, na hora que você vê uma criança de 7 anos na cama, dói".
No momento da emoção mais forte, diz que costuma sair do quarto para chorar. "Tem vezes que não dá tempo e meus olhos ficam marejados, até escorre a lágrima, mas eu não posso desabafar. Na hora que saio do quarto, peço: 'Espera um pouco mais [antes de seguir o trabalho]'".
Recomposto, segue em frente para devolver o brilho no olhar ao próximo paciente.
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Transformação
Hélcio afirma que 85% das crianças, em hospitais ou eventos particulares, ficam felizes com a sua presença. Outras se retraem, ficam mais tímidas, e devem ser respeitadas.
"Muitas vezes os pais querem que a criança venha de qualquer jeito no meu colo. E não é assim. Como disse, as crianças veem no Papai Noel uma entidade, e os pais devem entender que cada uma tem o seu tempo".
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Por fim, Hélcio diz que de roupa vermelha não se chama mais Hélcio. "Eu me transformo com a roupa, viro o Papai Noel. Se alguma pessoa fica me olhando, olhando, e diz: 'Você não trabalhou em tal lugar', respondo: 'Não trabalhei, não. Meu trabalho é produzir brinquedos no Polo Norte o ano inteiro'".
De presente, a cura do câncer
"Em 2018, uma menina vinha ao shopping de Barretos todos os dias para me pedir um doador, porque precisava fazer um transplante de medula. Uns 10 ou 15 dias depois de fazer esse pedido, ela voltou para me falar que o doador tinha aparecido. Foi algo muito emocionante. A própria mãe ainda me disse que, quando a menina soube da notícia do doador, a primeira pessoa que ela quis contar foi para o Papai Noel. Falei com ela semana passada e ela já está curada. Foi algo muito marcante para mim".
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O dia que Papai Noel chorou
“Uma menina deficiente visual veio falar comigo, mas não me disse nada. Como eu fazia gestos, uma pessoa veio falar comigo que ela tinha essa deficiência. Então comecei a narrar o que eu estava fazendo. Coloquei a mão dela nos meus óculos, no gorro, no pompom, na roupa de pelúcia. Quando ela foi embora, desabei, comecei a chorar. Alguém teve a sensibilidade de tirar uma foto desse momento. No fim do dia gente do Brasil inteiro veio me dar os parabéns pela minha emoção”.
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