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Cotidiano

Profissionais da saúde vivem cotidiano de medo

Trabalhadores da área da saúde revelam à Gazeta quais são as dificuldades de atuar na linha de frente do combate ao novo coronavírus

16/05/2020 às 01:00  atualizado em 16/05/2020 às 15:58

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Medidas de proteção contra possíveis infecções por cornoavírus.

Medidas de proteção contra possíveis infecções por cornoavírus. | Reuters/Wolfgang Rattay

Há um grupo em especial que não pode seguir as recomendações das autoridades da saúde para ficar em casa: os próprios profissionais da saúde. Na linha de frente do enfrentamento à pior pandemia dos últimos 100 anos, esses trabalhadores se arriscam durante todo o horário de expediente para aliviar o sofrimento de quem pode estar com a Covid-19. A Gazeta ouviu uma enfermeira, uma fisioterapeuta e uma farmacêutica. Todas foram unânimes em dizer: o medo de se contaminar e contaminar a própria família acompanha a rotina profissional.

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A fisioterapeuta Paula de Godoy, de 32 anos, viveu uma angústia ainda maior. Ela atua em UTI e em emergência de um hospital de São Caetano do Sul e em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em São Bernardo do Campo e descobriu estar grávida do primeiro filho enquanto trabalhava para salvar vidas de pacientes com a doença. Logo depois fez o teste para Covid-19, que deu positivo.

Ela cumpriu o período de isolamento e voltou ao trabalho, e ficou mais tranquila após ler um estudo que indica que doença não passa para o feto. A fisioterapeuta diz, porém, que há entre os profissionais das instituições em que trabalha um sentimento geral de preocupação. "Hoje estou um pouco mais tranquila, mas tenho colegas de trabalho que não estão ficando em casa por medo de contaminar os filhos, os pais, os irmãos", conta.

Macaque in the trees
Paula de Godoy, fisioterapeuta de UTI e de emergência de um hospital de São Caetano do Sul e em uma UPA em São Bernardo do Campo

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A enfermeira assistencial Adriana Naito, de 36 anos, trabalha em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) da Capital, e explica que, antes da pandemia, a unidade atendia consultas agendadas e atendimentos primários. A realidade mudou após a pandemia. "Hoje, não tem mais rotina, e só atendemos pacientes que chegam com algum tipo de queixa respiratória ou com doença descompensada, como hipertensão e diabetes", explica.

Ela também aponta a falta de estrutura e de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados. "São muitos funcionários contaminados, então é muito medo, muita insegurança. Às vezes os EPIs vêm com defeitos. Não tem uma quantidade suficiente para você dizer 'estou trabalhando com segurança, com proteção'. Você não trabalha desse jeito, mas com medo", diz.

Adriana, que mora com os pais idosos e a irmã que sofre de asma, também sente medo diário de contaminar a família. "Não cheguei ao ponto de ficar neurótica. Ainda".

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Adriana Naito, de 36 anos, enfermeira assistencial de uma UBS da Capital

Fora dos hospitais, mas ainda diretamente ligada à saúde, a farmacêutica Kellen Caroline, que atua em uma farmácia da Capital, diz que não vive um dia tranquila. "Eu preciso trabalhar, mas há mais de 40 dias eu saio de casa sem saber se eu vou voltar bem ou se eu vou voltar infectada", explica.

Ela conta que a rotina para manter a proteção envolve uso de máscara por pelo menos 9 horas diárias e lavar as mãos e passar álcool em gel (mesmo com luva) incontáveis vezes por dia.

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Para a farmacêutica, o risco maior é no momento de aplicar injeção, pela proximidade com o paciente e o tamanho pequeno da sala. Fora do trabalho, diz sentir muita falta de poder ver sua mãe. "É muito difícil ficar sem ver minha mãe e meus familiares. O medo é muito grande de ser infectado e infectar os outros. O que mais sinto é medo".

4.183 já foram afastados na Capital

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Prefeitura de SP, 4.183 funcionários da Secretaria Municipal da Saúde já foram afastados do trabalho com suspeita da doença. Desses, 1.189 tiveram confirmação de estarem com a Covid-19. Há 16 mortes confirmadas.

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A lista do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), porém, é maior, com 22 mortes registradas, por levar em conta os prestadores de serviços.

"Os números publicados não apresentam a transparência necessária", diz Sérgio Antiqueira, presidente do Sindsep.

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