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Estratégia de bloqueio em ruas gerou trânsito e reclamações. | Marcelo Gonçalves
Há três meses, São Paulo vem tentando combater o avanço do novo coronavírus. No entanto, medidas adotadas até agora pela prefeitura não estão evitando o crescimento no número de casos e mortes pela Covid-19 e nem contribuindo para aumentar o índice de isolamento social na cidade. Falta de planejamento, coordenação e agilidade das ações são vistas como as principais falhas do poder público no combate à pandemia.
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Para Armando Luiz Rovai, professor de Direito Empresarial e Administrativo da Universidade Mackenzie e mestre em Direito Político, as estratégias adotadas são amadoras. "As medidas adotadas em especial pela prefeitura são carentes de racionalidade e estudo prévio. Elas são adotadas de maneira amadora, falta condições profissionais de adoção de medidas sérias, corretas, de maneira a trazer um conforto para a população num momento de crise. Veja aquele rodízio que foi feito, foi algo completamente destemperado, porque obrigou as pessoas a usarem transportes públicos lotados, onde a possibilidade de contágio era evidente".
O primeiro caso de coronavírus confirmado em São Paulo foi no dia 25 de fevereiro e a primeira morte no dia 16 de março. Porém, somente no dia 24 de março, o governo estadual determinou a quarentena e o fechamento de estabelecimentos não essenciais. De lá para cá, a curva de contaminação só cresce na capital paulista e, agora o número de casos já ultrapassa 41 mil e as mortes somam 3.238, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, da última sexta-feira (22).
Em meio ao avanço da epidemia, a gestão Bruno Covas (PSDB), para aumentar o isolamento social, abaixo de 50% desde o início de abril quando índice recomendável é 70%, tentou sem sucesso implementar três estratégias: bloqueios em avenidas, rodízio par ou ímpar e antecipação de feriados. Além de polêmicas, as medidas adotadas não surtiram o efeito esperado.
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O rodízio mais restritivo foi questionado pelo Ministério Público, que pediu que a Administração apresentasse estudos que embasassem a decisão. A restrição par ou ímpar de veículos começou no dia 11 e terminou no dia 17, após a prefeitura constatar que a medida havia sido um fracasso, já que o percentual de isolamento neste período foi de 46% para 48%.
Além do rodízio, o bloqueio de avenidas também foi questionado pelo MP e suspenso dias depois após não apresentar resultados positivos em relação ao isolamento. O MP, inclusive, abriu um inquérito para investigar a obstrução de ambulâncias em algumas regiões.
O professor Rovai salienta que é preciso preservar o isolamento social, porém, essas decisões da prefeitura estão desorganizadas. "Me parece que é racional o isolamento, o que parece que é atabalhoado, é a falta de políticas públicas uniformes e, aí sim eu vejo de uma maneira muito desorganizada as idas e vindas. Faz um rodízio, agora suspende o rodízio, então agora decreta um feriado prolongado", critica.
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A última providência da gestão Covas, o 'magaferiado', também adotada sem aviso prévio e nem coordenação com os outros municípios, obrigou algumas cidades do litoral a criarem barreiras nas entradas para impedir que moradores de São Paulo entrassem nos municípios. Além disso, até quinta-feira, segundo dia do feriado, a estratégia não havia apresentado resultado muito positivo já que a taxa de isolamento ficou em 52% na capital paulista.
Para o professor, São Paulo poderia adotar medidas que tiveram êxito em outras cidades. "Por que não adotam medidas racionais? Vê o que fizeram na Europa, o que fizeram nos países onde o isolamento deu certo", finalizou.
Questionada pela reportagem, a prefeitura não respondeu até o fechamento desta matéria. Em entrevista esta semana para o portal "UOL", o prefeito Bruno Covas citou a falta de cooperação da população, disse que "se as pessoas persistirem em sair, a gente não vai vencer o vírus" e complementou: "Tudo o que está nas mãos da prefeitura estamos fazendo".
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LOCKDOWN
O lockdown, que restringe ainda mais a circulação das pessoas, é uma opção caso o isolamento não aumente. No entanto, segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, "é muito difícil falar em lockdown em uma cidade altamente conurbada como é São Paulo. Segundo ele a cidade tem 1.746 ruas que fazem divisa com outros municípios. "Um lockdown que tivesse efetividade, resultado epidemiológico, sanitário, não pode ser decretado só pela Capital. Ele precisaria ser decretado primeiro por esse conjunto de 39 cidades".
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