Publicidade

X

Estado

Doria abre mão de extinguir Dersa

PARA DESTRAVAR PROPOSTA. Projeto que previa a extinção de 4 estatais recebeu críticas até de partidos favoráveis à privatização

Bruno Hoffmann

Publicado em 16/05/2019 às 01:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Publicidade

A trava inicial no projeto foi considerada uma derrota política para João Doria, ainda que pequena / /SUAMY BEYDOUN/AGIF/FOLHAPRESS

O projeto de lei que extingue estatais paulistas, enviado pelo governador João Doria (PSDB) à Assembleia Legislativa de São Paulo, ganhou adesão e estava marcada para ser votado nesta quarta-feira. Para destravar a proposta, no entanto, o governo teve que abrir mão de extinguir a Dersa, ao menos por enquanto.

Um texto substitutivo elaborado pelo líder do governo, deputado Carlão Pignatari (PSDB), recebeu 67 assinaturas favoráveis. As assinaturas são necessárias para que haja substituição do texto original.

Para ser aprovado, o projeto precisa alcançar a maioria simples numa sessão em que haja ao menos 48 deputados presentes - a Casa paulista tem 94 parlamentares.

O projeto que previa a extinção de quatro estatais e a fusão de duas recebeu críticas tanto da oposição à esquerda como de partidos favoráveis às privatizações, como o PSL, que detém a maior bancada com 15 deputados. A proposta foi enviada por Doria à Assembleia no seu primeiro dia de governo e é considerada prioritária. Doria é postulante à corrida ao Palácio do Planalto em 2022.

Deputados reticentes em relação à proposta reclamavam que o projeto não detalhava quais empresas seriam fundidas ou extintas, quais órgãos absorveriam as funções executadas por elas, qual seria o destino dos seus funcionários nem trazia dados sobre quanto elas custam e quanto seria economizado com a eliminação.

Os parlamentares chegaram a sugerir que o governo fatiasse a proposta em mais projetos de lei para que a situação de cada empresa fosse discutida separadamente. Doria não atendeu ao apelo e, em vez disso, Pignatari elaborou uma emenda que responde a parte dos questionamentos e conseguiu satisfazer mais
deputados.

"Essa emenda torna o projeto aprovável, ela explica. Porque antes estava uma salada, não se sabia o que ia fazer com cada uma. E a mais complexa ficou para trás", diz Barros Munhoz (PSB), referindo-se à Dersa.

A estatal de desenvolvimento rodoviário é vista com ressalvas principalmente por estar envolvida em escândalos de corrupção. Seu ex-diretor Paulo Preto é apontado como operador de propinas do PSDB e já foi condenado a uma pena de 145 anos de prisão. Hoje ele está preso pela Lava Jato, em Curitiba.

O governo Doria gostaria de extinguir a Dersa já neste primeiro momento. A ideia agora é enviar um novo projeto com esse objetivo o quanto antes.

O deputado Daniel José (Novo) diz que a bancada fez uma análise da situação das estatais e que os quatro deputados votarão a favor das extinções. "A emenda esclareceu e, no nosso julgamento, faz
sentido."

Há quem continue contra a medida, como o deputado Campos Machado (PTB). Na terça-feira (14), ele subiu à tribuna para desafiar quem assinou a emenda a defender a extinção das estatais. Também cobrou dados da saúde financeira das empresas e chamou a proposta de estelionato
eleitoral.

"Semana passada essa proposta não tinha 30 apoios, hoje são 67. Qual é o milagre?", questionou. A trava inicial no projeto foi considerada uma derrota política para Doria, ainda que pequena.

"Antes o PSDB passava com rolo compressor aqui na Assembleia e agora já não consegue", diz o deputado Gil Diniz, líder do PSL. Os tucanos, antes em maior número, passaram a ser a terceira maior bancada, com 8 deputados, empatados com o PSB. O PT é a segunda, com 10 parlamentares. (FP)

Apoie a Gazeta de S. Paulo
A sua ajuda é fundamental para nós da Gazeta de S. Paulo. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós da Gazeta de S. Paulo temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para a Gazeta de S. Paulo continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

Deixe a sua opinião

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Brasil

Jesuíta Barbosa será Ney Matogrosso em filme e visita cantor em seu apartamento

As filmagens do longa, que vai retratar a vida de Ney Matogrosso, vão começar em fevereiro do ano que vem

Esportes

Organizada do Santos tentar invadir votação e PM é chamada

O evento precisou ser paralisado por cerca de 15 minutos

©2021 Gazeta de São Paulo. Todos os Direitos Reservados.

Layout

Software