PASSEIO
A rota ferroviária tem quatro quilômetros de extensão entre as vilas Capivari e Abernéssia, em Campos do Jordão
MARCELO TOLEDO, DA FOLHAPRESS
Publicado em 24/06/2022 às 11:12
Atualizado em 24/06/2022 às 11:18
Locomotiva histórica volta aos trilhos no Vale do Paraíba / Divulgação/Governo de SP
Depois de ficar sete anos fora de operação, uma maria-fumaça fabricada em 1947 foi restaurada e retornou aos trilhos em Campos do Jordão no último sábado (18).
A locomotiva a vapor produzida pela empresa norte-americana H. K. Porter será utilizada na centenária EFCJ (Estrada de Ferro Campos do Jordão) junto com um carro de passageiros ainda mais antigo, fabricado há 110 anos pela também norte-americana American Car & Foundry.
A viagem de reinauguração da maria-fumaça ocorreu às 11h, dia em que ainda ocorreram passeios em outros três horários: 13h, 15h e 17h. Aos domingos, também serão quatro horários disponibilizados aos turistas que visitam a cidade da região do Vale do Paraíba.
A rota ferroviária tem quatro quilômetros de extensão entre as vilas Capivari e Abernéssia e comporta 64 passageiros em cada viagem, que dura 30 minutos, sem paradas.
No mês de julho, de acordo com a STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos), a rota na ferrovia inaugurada em 1914 também será oferecida às sextas-feiras.
Até a interrupção do roteiro devido à pandemia, em março de 2020, a estrada de ferro operou a rota com outra locomotiva, cedida pela Prefeitura de Taubaté.
O trabalho de recuperação da maria-fumaça de 75 anos, que envolveu sistemas de rodagem, de comando e carroceria, foi realizado entre novembro de 2021 e o mês passado numa oficina em Pindamonhangaba.
A locomotiva, comprada em 2004, operou de forma regular na EFCJ de 2009 a 2015, período em que transportou mais de 66 mil passageiros, conforme a STM.
Diferentemente de companhias ferroviárias, como a Paulista, a Mogiana e a Sorocabana, a Estrada de Ferro Campos do Jordão não foi criada com o objetivo de escoar a produção das lavouras -essencialmente café-, e sim levar pacientes com tuberculose para tratamento médico.
A ferrovia ligando Pindamonhangaba a Campos do Jordão foi idealizada pelos médicos sanitaristas Emílio Ribas e Vitor Godinho, começou a ser construída em 1912 e substituiu o transporte feito sobre animais do Vale do Paraíba ao alto da Serra da Mantiqueira num percurso de 47 quilômetros.
O clima de Campos do Jordão era visto naquela década como favorável à recuperação de quem sofria da doença, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch, transmissível e que afeta principalmente os pulmões.
Além de transportar os pacientes de forma mais rápida e confortável, a ferrovia contribuiu para o desenvolvimento das cidades no seu entorno, com o transporte de cargas e de outros passageiros.
Os ingressos podem ser comprados só no dia do passeio na estação Emílio Ribas. Crianças com até 5 anos, no colo de um responsável, não pagam.
Maria-Fumaça de Campos do Jordão
Quando: sáb. e dom.; em julho, 6ª a dom.
Horários*: 11h, 13h, 15h e 17h, a partir da estação Emílio Ribas
Duração: 30 minutos (ida e volta)
Trajeto: 4 km
Rota: entre as estações Emílio Ribas e Abernéssia, em Campos do Jordão
(*) horários aos sábados e domingos
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