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APÓS DESCOBERTA HISTÓRICA

Movimento pede que estação do Metrô na Bela Vista se chame Saracura/Vai-Vai

Pleito surgiu após os operários que trabalham na Linha-6 Laranja terem encontrado vestígio de quilombo onde estava a sede da escola de samba Vai-Vai

Bruno Hoffmann

Publicado em 30/06/2022 às 13:03

Atualizado em 30/06/2022 às 15:24

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Local da futura estação do Metrô na Bela Vista / Reprodução

Uma série de entidades de moradores da Bela Vista e do movimento negro paulistano pede que a futura estação de Metrô 14 Bis, que está em construção na região central de São Paulo, seja batizada como Saracura/Vai-Vai. O pleito surgiu após os operários que trabalham na Linha-6 Laranja terem encontrado um sítio arqueológico onde estava a sede da escola de samba Vai-Vai, que seria vestígios de um quilombo que havia nos tempos da escravidão.

Além disso, os grupos também reivindicam que as obras sejam suspensas até a formalização de um projeto de preservação dos achados históricos, e de um projeto de educação comunitária que revele a riqueza cultural dos materiais.

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Há a alegação de que os artefatos encontrados sejam vestígios do Quilombo Saracura, comunidade negra do século 19 às margens do rio Saracura que teria dado origem ao bairro da Bela Vista. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que fez um projeto de salvamento e resgate dos registros, considerou que o local possui valor histórico de alta relevância.

De acordo com a vereadora Luana Alves (PSOL), que tem como bandeira o resgate da história negra e indígena na Capital, seria uma conquista muito grande para o bairro e para a cidade o reconhecimento de um sítio arqueológico no local.

"Na época em que existia um rio de fato naquela região, os escravizados e ex-escravizados tinham ali as suas religiosidades, a sua forma de vida, e isso tem muito a ver com o samba e com a cultura preta. Os membros mais antigos da Vai-Vai sempre falaram da existência de um quilombo ali, e agora o sítio arqueológico comprova isso", afirmou a parlamentar à Gazeta.

"É um reconhecimento histórico e um avanço muito grande, porque tradicionalmente se apagam histórias negras e indígenas de nomes de monumentos e de espaços públicos", completou ela.

Já para o coordenador do UneAfro, Douglas Belchior, os achados contam a história da população negra da cidade e do País.

"Não é possível que a obra continue sem que isso seja preservado. Por outro lado, é fundamental que a gente entenda essa disputa não sendo apenas a respeito do passado, da memória - o que já é superimportante. Mas é essencialmente sobre  o futuro negro, antirracista das nossas cidades", disse ele à Gazeta.

Para ele, o nome proposto à futura estação e as outras ações de grupos negros buscam garantir que "patrimônios como a Vai-Vai e o próprio rio não sejam removidos, destruído, soterrados simplesmente porque não são vistos na sua grandeza, por serem territórios negros".

O grupo, batizado como Saracura Vai-Vai, já acionou o Ministério Público Federal e do Estado para barrar o avanço das obras. A entidade também promete realizar um ato no próximo sábado, 2 de julho, com concentração a partir das 10h no local da futura estação do Metrô.

As entidades ainda pedem que a curadoria e a guarda dos vestígios arqueológicos fiquem sobre responsabilidade do Museu Afro Brasil ou de outra instituição "especializada em história e patrimônio negro e luta antirracista".

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