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Conheça o sistema de tração por cremalheira que permite vencer a Serra do Mar. | Biblioteca Nacional (foto restaurada com IA)
A São Paulo Railway, inaugurada em 1867, foi a primeira ferrovia do estado e permanece operando de forma contínua desde o século 19, conectando o interior paulista ao Porto de Santos por 139 km de extensão. Ao longo de sua história, este eixo sustentou o escoamento do café e, mais tarde, consolidou-se como um dos corredores de carga mais movimentados do país.
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A ferrovia, que hoje está sob gestão de uma concessionária de carga, foi criada para reduzir custos de transporte e integrar a produção agrícola ao litoral. Portanto, a linha entregou resultados que estavam alinhados com a promessa do então presidente da Província, José Antônio Saraiva.
As estações atraíram mão de obra, indústria e comércio, impulsionando bairros e municípios inteiros no entorno dos trilhos. A ferrovia segue essencial ao fluxo de insumos e bens industriais, preservando seu papel central na logística paulista.
O traçado entre Santos e Jundiaí atravessa a capital e possui um trecho de engenharia singular, pois vence a Serra do Mar. O ponto mais crítico concentra-se em aproximadamente oito quilômetros entre Paranapiacaba e Raiz da Serra, onde a rampa alcança 10%.
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Para vencer este desnível, a ferrovia utiliza o sistema cremalheira/aderência, no qual uma roda dentada na locomotiva engata um terceiro trilho dentado. Esta solução, concebida no século 19, garante frenagem e tração em condições extremas, sendo a peça-chave para a operação diária de subida e descida de trens carregados.
Cerca de R$ 445 milhões foram aplicados na modernização do corredor paulista nos últimos anos, focando no acesso ao porto e no gargalo da serra. Uma parte relevante desse investimento possibilitou a compra de sete locomotivas Stadler, feitas sob medida para o perfil de rampa da linha.
As locomotivas suíças, que somam 5 MW de potência e operam em 3 kV CC, combinam tração por cremalheira e aderência, o que reforça sua capacidade. Dentre os ganhos, destacam-se a maior velocidade em rampa, o aumento de tonelagem por viagem e um melhor desempenho de frenagem regenerativa.
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O corredor ferroviário, embora seja um motor de operação econômica, guarda um valor histórico inestimável. Por exemplo, a Torre do Relógio de Paranapiacaba passou por restauração em 2004, obra que reforçou a preservação do conjunto ferroviário da vila inglesa do século 19.
A antiga São Paulo Railway conserva atributos que explicam sua longevidade operacional, articulando fluxos de diversas origens. A curva tecnológica em material rodante e sistemas de controle adiciona resiliência a uma infraestrutura que, devido à geografia, nunca foi trivial.
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