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Saiba como uma simples pistola pode revolucionar o tratamento de ossos quebrados | Freepik
Um dispositivo portátil e de baixo custo promete mudar a forma como cirurgiões tratam fraturas graves: uma pistola adaptada para imprimir enxertos ósseos em tempo real, diretamente durante a operação.
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Diferente dos implantes convencionais, o material se integra ao organismo, combate infecções e se degrada gradualmente, sendo substituído por tecido ósseo natural.
Imagine um cirurgião pegando algo parecido com uma pistola de cola quente para reparar ossos quebrados em minutos. Parece ficção científica, mas é exatamente isso que um grupo de pesquisadores da Universidade Sungkyunkwan, em Seul, desenvolveu.
O dispositivo funciona aquecendo um filamento feito de hidroxiapatita, componente natural do osso humano, misturado a policaprolactona (PCL), um polímero biodegradável. A 60 °C, o material é maleável o suficiente para preencher fendas complexas, sem danificar tecidos vivos.
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Compacto e manual, o equipamento permite que o médico ajuste direção, ângulo e profundidade da aplicação durante a cirurgia. O resultado é um suporte anatômico altamente preciso, produzido no próprio centro cirúrgico e sem necessidade de longos processos de modelagem prévia.
A ferramenta é, em essência, uma pistola de cola comercial modificada. Essa simplicidade é parte da inovação: qualquer hospital poderia utilizá-la sem grandes investimentos em infraestrutura.
Segundo o engenheiro biomédico Jung Seung Lee, líder do estudo, em entrevista a Superinteressante, a técnica representa um avanço especialmente em cirurgias de trauma de emergência, quando não há tempo para criar implantes personalizados em impressoras 3D.
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Além de economizar tempo e custos, o método mostrou que os espaços preenchidos pelo material servem como “andaimes” temporários. Ao longo das semanas, células ósseas se infiltram no suporte, substituindo-o progressivamente por tecido natural, até que o enxerto desapareça.
A inovação não se limita à reconstrução estrutural. Os cientistas enriqueceram o filamento com antibióticos como vancomicina e gentamicina, que são liberados de forma controlada, reduzindo o risco de infecções, complicação comum em cirurgias ortopédicas.
Em testes laboratoriais, o material conseguiu bloquear bactérias como E. coli e Staphylococcus aureus. E nos primeiros experimentos com animais, realizados em coelhos com fraturas graves no fêmur, os resultados foram promissores: após 12 semanas, houve maior regeneração óssea e nenhuma infecção detectada, em comparação com enxertos tradicionais de cimento ósseo.
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Para Lee, a tecnologia abre caminho para um futuro em que cirurgias de emergência serão mais rápidas, seguras e com maior potencial de recuperação. “Nosso suporte não apenas se integra biologicamente ao osso, como desaparece ao ser substituído por tecido recém-formado”, explicou.
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