Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Instalada no 17º andar da Fundação Cásper Líbero, a sirene tem origem muito mais antiga do que muita gente imagina. | Raphael Miras/Gazeta S.Paulo
No centro da cidade de São Paulo, onde a pressa dita o ritmo e os prédios parecem competir pela atenção de quem passa, a Avenida Paulista ainda guarda tradições que resistem ao tempo.
Continua depois da publicidade
Uma delas acontece diariamente, sempre ao meio-dia, e costuma intrigar visitantes: uma sirene que ecoa do alto do edifício número 900.
O som, curto e potente, já se tornou parte da paisagem sonora da região. Mas por que ele toca? E como essa história começou?
Todos os dias, pontualmente ao meio-dia, uma sirene soa por cerca de 20 segundos no prédio onde funcionam a Faculdade Cásper Líbero e a TV Gazeta. O volume chega a impressionantes 160 decibéis e pode ser ouvido a até 200 metros de distância.
Continua depois da publicidade
Quem trabalha por ali já se acostumou. Há quem até use o sinal como relógio. “As pessoas que moram ou trabalham aqui já se guiam pela sirene.
Depois que toca, você vê várias pessoas saindo dos prédios para ir almoçar”, contou a então superintendente patrimonial da fundação, Angela Esther de Oliveira, em entrevista ao G1, em 2009.
Instalada no 17º andar da Fundação Cásper Líbero, a sirene tem origem muito mais antiga do que muita gente imagina. Fabricada desde o início do século passado, ela era usada na França como alerta para ataques aéreos durante a Primeira Guerra Mundial.
Continua depois da publicidade
Cásper Líbero, jornalista e fundador da instituição, conheceu o equipamento durante uma viagem ao país europeu, na década de 1930.
Encantado com a eficácia do mecanismo, trouxe uma sirene para o Brasil e a instalou na sede da fundação — então localizada no centro de São Paulo, onde hoje funciona a Justiça Militar da União, no antigo Palácio da Imprensa.
Continua depois da publicidade
Naquele período, a sirene tinha uma função objetiva: anunciar que as edições matutinas e vespertinas do jornal A Gazeta estavam prontas. O sinal do meio-dia marcava a finalização da edição da manhã; o das 18h avisava que a edição da tarde chegaria às ruas.
Mesmo depois do fim do jornal impresso e da mudança da Fundação Cásper Líbero para a Avenida Paulista, nos anos 1960, o hábito foi mantido — ainda que em versão reduzida.
Segundo explicou Angela Esther de Oliveira, a decisão de manter apenas o toque das 12h foi tomada por respeito aos jornais que também funcionavam na região.
Continua depois da publicidade
“Decidimos isso em respeito aos jornais da região. O som de todas [as sirenes] seria muito alto”, disse ela.
Hoje, mesmo com a tecnologia substituindo antigos rituais, a sirene segue firme. Para muitos, passa despercebida. Para outros, é lembrança viva de uma época em que o jornal impresso comandava o ritmo da cidade. Pequenos detalhes que contam um pouco da história da Avenida Paulista — e de São Paulo.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade