Açaí do interior de SP é fronteira agrícola e fonte de renda sustentável

O açaí, antes associado quase exclusivamente à Amazônia, conquistou espaço em novas regiões do País. No interior de São Paulo, o cultivo da fruta avançou em sistemas consorciados com outras lavouras, como seringueira, cacau e banana, e começou a se consolidar como uma opção de renda sustentável para o produtor rural.

Boa aceitação dos agricultores

Na região noroeste do estado, especialmente no entorno de São José do Rio Preto, produtores ampliaram as áreas de plantio com apoio técnico da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

As lavouras são irrigadas e utilizam técnicas adaptadas ao clima local, o que tem garantido produtividade elevada e boa aceitação entre agricultores.

“As lavouras utilizam irrigação e técnicas adaptadas, diferentes do extrativismo amazônico”, explica o extensionista Andrey Vetorelli Borges, da CATI ao Globo Rural

Segundo ele, a produtividade pode chegar a 15 toneladas por hectare, e o manejo com abelhas tem favorecido a polinização e o aumento dos frutos.

O cultivo tem se mostrado especialmente promissor em pequenas e médias propriedades, onde o açaí surge como alternativa para diversificar a produção e fortalecer economias locais.

Pai D'égua

A variedade mais utilizada é a BRS Pai D'égua, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental após mais de uma década de pesquisas.

“A nova cultivar começou a ser pesquisada em 2002. Por se tratar de uma cultura perene, o ciclo de seleção dura cerca de 15 anos”, explica o pesquisador João Tomé de Farias Neto.

Em São José do Rio Preto, o produtor Nelcindo Gonsalez foi um dos primeiros a apostar na fruta. “Começamos a colher há três anos e ainda não atingimos a eficiência máxima”, afirma.

Ele mantém cerca de 10 milhões de abelhas para garantir a polinização e está construindo, com um sócio, uma fábrica para processar polpa pura. “Nosso objetivo é valorizar o açaí natural e mostrar seus benefícios nutricionais”, diz.

Banana e cacau

Em Valetim Gentil, o empresário Marcelo Gumiero, da Agrovalores, também investe na cultura. Ele cultiva açaí em um sistema agroflorestal que combina banana e cacau. “A primeira tentativa sofreu perdas de até 70% das mudas, mas ajustamos o manejo e o calendário”, conta.

O plano é ampliar o plantio gradualmente e implantar uma usina voltada à produção de polpa natural para o mercado de sorvetes e sobremesas.

Para Farias Neto, o avanço do açaí paulista reflete uma tendência nacional. “Alguns plantios já estão ocorrendo em São Luís do Maranhão e em Brasília”, afirma.

O mercado segue em expansão, impulsionado pela busca por alimentos naturais e funcionais, enquanto novas regiões produtoras começam a reduzir a dependência do extrativismo na Amazônia e abrir caminho para uma cadeia mais diversificada e sustentável.

**Texto com informações do portal Globo Rural.