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Um registro desse tipo costuma virar ponto de partida para ações bem objetivas | Wikimedia Commons
O reaparecimento da águia-harpia na selva misionera, no nordeste da Argentina, recolocou a conservação dessa ave de rapina gigante no centro das atenções na América do Sul.
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Após décadas sem registros consistentes na região, a confirmação de um exemplar jovem chama a atenção por um motivo decisivo: ela sugere que ainda existem trechos de floresta contínua capazes de sustentar a espécie.
O sinal é pequeno, mas claro — e serve de alerta para gestores ambientais, pesquisadores e comunidades locais sobre a urgência de proteger remanescentes de mata nativa e acelerar a recuperação de áreas degradadas.
A documentação do juvenil foi associada a trabalhos de campo e monitoramento voltados à espécie em Misiones, com uso de estratégias como armadilhas fotográficas e monitoramento acústico em áreas promissoras.
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A região citada com frequência nesses relatos é a Reserva da Biosfera Yabotí, um dos principais blocos de floresta subtropical do país, reconhecida pela UNESCO e importante para manter conectividade entre áreas protegidas.
A harpia (Harpia harpyja), também chamada de águia-harpia e, no Brasil, de gavião-real, está entre as maiores aves de rapina do mundo. É predadora de topo: depende de grandes extensões de mata em pé para caçar, circular e se reproduzir. Quando ela desaparece, geralmente não some sozinha.
Por isso, em projetos de conservação, a espécie é tratada como “guarda-chuva”: ao proteger o espaço que ela precisa, você protege junto uma lista enorme de outros animais e plantas, incluindo espécies menos “carismáticas”, mas igualmente vitais para a floresta.
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Algumas características ajudam a entender por que a espécie virou símbolo de restauração florestal e conectividade de habitats:
Há estudos recentes que reforçam como a vida reprodutiva da harpia é exigente e como a disponibilidade de presas e a integridade do habitat pesam para o sucesso do ninho.
A harpia precisa de floresta alta, com árvores grandes, justamente as primeiras a cair quando a paisagem vira pasto, lavoura ou loteamento. Quando as áreas ficam fragmentadas, acontecem três impactos clássicos:
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No Brasil, iniciativas como o Projeto Harpia destacam a espécie como vulnerável e dependente de grandes áreas florestais bem preservadas.
Mesmo com proteção legal, a recuperação tende a ser lenta. A espécie tem ciclo reprodutivo prolongado e, em geral, não “repõe” perdas rapidamente. Entre os principais fatores:
Globalmente, a harpia é tratada como espécie Vulnerável em avaliações internacionais de conservação, o que reforça a necessidade de ações consistentes e contínuas.
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Um registro desse tipo costuma virar ponto de partida para ações bem objetivas: ampliar levantamentos, instalar equipamentos, treinar equipes locais, mapear áreas de uso e, principalmente, identificar possíveis pontos de nidificação para proteger antes que sejam alterados.
Quando a espécie vira assunto nas redes, isso pode ajudar, desde que venha junto uma dose de responsabilidade. Localização exata, por exemplo, é informação sensível: pode atrair curiosos e até caçadores. A melhor contribuição do público é divulgar a importância da conservação, não “entregar” o caminho.
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