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477p-10 demora mais de três horas em seu trajeto | Imagem: detsang/Flickr
Quem cresceu em São Paulo provavelmente já ouviu a frase: “Se estiver perdido, pega um ônibus para o Parque Dom Pedro que ele te deixa perto de casa”.
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Por anos, o lendário 3459 – Itaim Paulista/Parque Dom Pedro II foi tratado como a “linha infinita” da cidade, virou meme e símbolo da imensidão paulistana.
Mas um novo levantamento do perfil @_cartomaps, especializado em mapas e curiosidades urbanas, mostrou que o título de maior linha de ônibus de São Paulo agora é de outra campeã – e o trajeto impressiona até quem está acostumado a cruzar a cidade todos os dias.
A 477P – Rio Pequeno/Ipiranga é hoje a linha de ônibus mais longa de São Paulo, com cerca de 78 quilômetros de percurso dentro dos limites do município.
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Em linha reta, a distância entre os bairros é de aproximadamente 18 quilômetros, mas o itinerário cheio de curvas, retornos e desvios transforma o trajeto em uma verdadeira maratona sobre rodas.
São mais de 100 pontos de parada e um tempo médio de 2h25 para completar a viagem sem trânsito. Em horário de pico, a soma entre ida e volta pode passar facilmente de seis horas, segundo estimativas da SPTrans.
O ônibus parte da região do Cursino/Ipiranga, na zona sul, e vai até o Rio Pequeno, na zona oeste. No caminho, corta 18 bairros diferentes, passa em frente a sete estações de metrô e cruza trechos de vias como avenida Faria Lima, Brooklin, Vila Olímpia, Butantã e rodovia Raposo Tavares.
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Em uma única viagem, o passageiro vê casarões antigos, prédios espelhados, comércios de bairro e grandes avenidas.
Para efeito de comparação, os 78 quilômetros percorridos pela 477P equivalem à distância entre São Paulo e Cabreúva, na Região Metropolitana de Jundiaí – tudo isso sem sair da capital.
A maior linha de ônibus de São Paulo também é um retrato claro das desigualdades urbanas. Em poucas horas, o coletivo liga um dos bairros com maior renda média formal, o Itaim Bibi, a uma região bem mais pobre, o Rio Pequeno.
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Na Faria Lima, a paisagem é de prédios envidraçados, pessoas de roupa social e patinetes nas calçadas. Perto do ponto final, predominam casas térreas, pequenos mercados, bares de esquina e comércios populares.
Dentro do ônibus, essas realidades se misturam: trabalhadores, estudantes, moradores antigos e quem só está “de passagem” usando a linha para um trecho curto.
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Segundo dados da SPTrans, 21 ônibus operam a 477P diariamente. Em dias úteis, são cerca de 128 viagens por dia, transportando em média 12 mil passageiros.
Quase ninguém faz o percurso completo da 477P. A maior parte dos passageiros usa a linha em trechos menores, combinando o ônibus com o metrô para ganhar tempo.
No início da manhã, o coletivo costuma encher de quem está indo trabalhar em regiões como Brooklin, Itaim Bibi e Faria Lima.
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Muita gente sobe na frente de estações da linha 1-Azul e da linha 4-Amarela e desce perto dos polos comerciais da zona sul e da zona oeste. Na volta, estudantes de faculdades da região do Butantã também lotam o ônibus.
Para muitos, a viagem diária pode passar de três horas somando ida e volta. Vídeos no celular, podcasts e cochilos no banco ajudam a atravessar congestionamentos frequentes em trechos como a Raposo Tavares e a própria Faria Lima.
Quem dirige a linha mais longa de São Paulo também sente o peso da distância. Motoristas que atuam há décadas na 477P contam que viram bairros inteiros se transformarem enquanto seguiam o mesmo trajeto: torres comerciais surgindo na Faria Lima, novos prédios no Brooklin, obras se espalhando pelo Itaim Bibi e mudanças constantes no trânsito.
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Entre uma volta e outra, eles aproveitam os pontos finais para alongar as pernas, comer e descansar poucos minutos antes de encarar o percurso mais uma vez. Em comum, quase todos repetem a mesma ideia: o importante é fazer a viagem em paz e chegar bem ao destino – todos os dias.
O levantamento do @_cartomaps também listou quais são as linhas de ônibus mais longas da capital. Somadas, elas ultrapassam 350 quilômetros – o equivalente a uma viagem de São Paulo até Bauru, no interior do estado.
Veja o top 5:
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Todas elas atravessam zonas inteiras da cidade, conectam extremos da periferia ao centro e ajudam a explicar por que a mobilidade é um dos maiores desafios de São Paulo.
No fim, seja rumo ao Parque Dom Pedro, ao Ipiranga, ao Rio Pequeno ou a qualquer outro bairro, uma coisa continua igual: a maior linha de ônibus de São Paulo não leva só passageiros de um lado a outro do mapa – leva, todos os dias, a história viva da cidade dentro de um coletivo lotado.
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