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Essa empresa ajuda pessoas a desaparecer de forma totalmente legal

No Japão, desaparecer é possível e até facilitado por leis de privacidade rigorosas e serviços especializados em apagar rastros

José Adryan

13/11/2025 às 12:15

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Empresas de "mudança noturna" ajudam pessoas a abandonar suas vidas e garantir anonimato total

Empresas de "mudança noturna" ajudam pessoas a abandonar suas vidas e garantir anonimato total | Freepik

Em diferentes partes do mundo, como Estados Unidos, Alemanha ou Reino Unido, há quem decida simplesmente desaparecer. Essas pessoas abandonam casa, trabalho e família para começar de novo em outro lugar, muitas vezes sem olhar para trás.

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No Japão, milhares escolhem desaparecer voluntariamente e recomeçar longe de tudo, um fenômeno social conhecido como jouhatsu
No Japão, milhares escolhem desaparecer voluntariamente e recomeçar longe de tudo, um fenômeno social conhecido como jouhatsu
Familiares dos desaparecidos vivem um luto silencioso, sem respostas, em meio a leis que priorizam a privacidade (Fotos: Freepik)
Familiares dos desaparecidos vivem um luto silencioso, sem respostas, em meio a leis que priorizam a privacidade (Fotos: Freepik)

No Japão, quem faz isso é conhecido como jouhatsu, palavra que significa literalmente “evaporação”.

O termo descreve pessoas que optam por desaparecer de propósito e esconder seu paradeiro por anos, ou até décadas. O fenômeno é mais comum do que se imagina e está enraizado em fatores culturais e sociais do país.

“Fiquei farto das relações humanas. Peguei uma mala e desapareci”, conta Sugimoto, de 42 anos, que pediu para que seu primeiro nome fosse mantido em sigilo em uma reportagem da BBC. “Eu simplesmente fugi.”

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Ele afirma que, em sua pequena cidade natal, todos o conheciam por causa da família e do próspero negócio local que deveria herdar. Mas o peso dessa expectativa o levou a deixar tudo para trás e desaparecer.

Empresas que ajudam no desaparecimento

De dívidas impagáveis a casamentos infelizes, os motivos para o desaparecimento variam. Muitos recorrem a empresas especializadas conhecidas como “mudança noturna”, que ajudam as pessoas a sumirem discretamente.

Esses serviços oferecem hospedagem em locais distantes, transporte sigiloso e garantem anonimato total aos clientes.

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“Normalmente, os motivos para a mudança costumam ser positivos, como ir para a universidade, conseguir um novo emprego ou um casamento”, explica Sho Hatori à BBC, fundador de uma dessas empresas na década de 1990.

“Mas também há mudanças tristes, quando o motivo é perder o emprego ou fugir de alguém que o persegue”, complementa.

Essas agências operam na fronteira da legalidade, aproveitando as brechas das leis de privacidade japonesas.

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Elas não cometem crime, mas ajudam a apagar rastros de forma quase completa, garantindo que a pessoa possa desaparecer sem ser localizada nem por parentes.

Como o Japão permite 'evaporar'

Segundo o sociólogo Hiroki Nakamori, que pesquisa o fenômeno há mais de dez anos, o termo jouhatsu surgiu nos anos 1960.

Naquela época, o divórcio era raro e malvisto socialmente, o que levava algumas pessoas a preferirem sumir a enfrentar o julgamento público. “No Japão é mais fácil desaparecer”, disse Nakamori à BBC.

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A legislação de privacidade no país é extremamente rígida: familiares não têm acesso a imagens de câmeras de segurança, e a polícia só intervém em casos de crime ou acidente.

Isso faz com que localizar alguém que queira desaparecer voluntariamente seja praticamente impossível.

Para quem fica, o impacto é devastador. “Fiquei chocada”, contou uma mulher à BBC, cujo filho de 22 anos desapareceu sem deixar rastros. “Com a lei atual e sem dinheiro, tudo o que posso fazer é verificar se meu filho está no necrotério.”

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O preço emocional de desaparecer

Alguns jouhatsu vivem o arrependimento em silêncio, convivendo com a culpa do abandono. “Tenho a sensação constante de que fiz algo errado”, diz Sugimoto, que deixou esposa e filhos.

“Só meu primeiro filho sabe a verdade. Ele tem 13 anos. As palavras que não consigo esquecer são: ‘O que o pai faz da vida é problema dele’. Soa mais maduro do que eu, não?”

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