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O Atol das Rocas é um laboratório natural. Ondas, marés e grandes swells, que podem chegar a quatro metros, remodelam a paisagem com frequência. | Wikimedia Commons
A 260 quilômetros de Natal, no meio do Atlântico, o Atol das Rocas permanece como um dos lugares mais intocados do Brasil.
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Pequeno — são cerca de 7 km de perímetro —, ele abriga o único atol do Oceano Atlântico, formado por recifes de corais que moldam uma lagoa central e ilhotas que mudam de forma conforme as marés. A única construção humana é o farol erguido em uma área de apenas 0,2 km².
Criado como Reserva Biológica em 1979, o Atol das Rocas tem acesso totalmente restrito. Não há turismo, pesca ou qualquer interferência humana. O local integra as Ilhas Atlânticas Brasileiras, reconhecidas pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial, além de ser Sítio Ramsar.
A importância ecológica é enorme. As águas cristalinas funcionam como berçário para tubarões-lixa e tubarões-limão e como uma das maiores áreas de desova da tartaruga-verde no planeta.
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No céu, a movimentação impressiona: cerca de 150 mil aves marinhas utilizam o atol para descanso e reprodução, formando o maior ninhal do Brasil.
Há três décadas, a responsabilidade pela proteção desse ecossistema está nas mãos de Maurizélia de Brito, a Zelinha, servidora do ICMBio.
Ela chegou ao atol nos anos 1990 e nunca mais saiu. Mesmo sem formação acadêmica, tornou-se a maior especialista do local, reconhecida pela comunidade científica — três espécies de invertebrados já receberam seu nome.
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Zelinha costuma dizer que o atol “a salvou”, ajudando-a a abandonar o álcool. Em troca, dedicou-se à defesa da reserva, enfrentando durante anos a pressão de pescadores ilegais, que chegavam a realizar até 280 incursões por ano. A rigidez na fiscalização rendeu a ela o apelido de “xerife do mar”.
O Atol das Rocas é um laboratório natural. Ondas, marés e grandes swells, que podem chegar a quatro metros, remodelam a paisagem com frequência.
Pesquisadores utilizam drones e monitoramentos contínuos para acompanhar corais, tartarugas, aves, tubarões, algas e até lixo marinho. Mais de 120 estudos já foram concluídos ali.
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A vida na reserva exige planejamento extremo: não há água potável, sombra ou produção de alimentos. Tudo chega de barco a partir de Natal, e a energia depende de 48 placas solares instaladas na única casa da Ilha do Farol.
Distante e inacessível ao público, o atol revela como o oceano funciona sem intervenção humana. Guardado por Zelinha e pelas próprias marés, segue preservando e renovando a vida no Atlântico Sul — um patrimônio natural que o Brasil precisa manter.
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