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Em Iguape, o mar já avançou um quilômetro, deixando um rastro de destruição, mas também histórias de incrível resiliência. | Arquivo pessoal
O litoral sul de São Paulo enfrenta uma batalha constante. Em Iguape, na Praia do Leste, o mar avança implacavelmente, redesenhando a costa e destruindo construções. Casas, comércios e memórias foram levados. Moradores relatam a dor da perda, mas muitos escolhem resistir, transformando ruínas em rotina.
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Imagens de satélite do Google Earth revelam a dimensão do problema. Entre 2001 e 2024, o mar avançou cerca de um quilômetro sobre a faixa de terra, atingindo casas, quiosques e ruas. Muitos abandonaram seus lares, mas outros permanecem, surpreendendo a todos com sua persistência.
O que antes era um refúgio e ponto de pesca, agora se tornou uma ameaça iminente. Os antigos já alertavam: “o mar vai voltar”. Essa previsão se concretizou, apagando a linha da costa paulista de forma dramática. O processo levou mais de 150 construções.
Por décadas, a Praia do Leste em Iguape ofereceu descanso e uma vida simples à beira-mar. Contudo, a parceria com a natureza mudou drasticamente. O mar avançou lentamente, ano após ano, destruindo estruturas que pareciam fixas. Ele levou consigo trajetórias de vida e sonhos.
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A força das águas não mostra sinais de trégua. A erosão costeira é um processo contínuo que reconfigura a paisagem local, com consequências devastadoras para a infraestrutura e a vida dos habitantes. Portanto, é um cenário de constante adaptação e desafio diário.
Uma dessas figuras de resistência é Jesusles Fernandes, carinhosamente conhecida como Jô, de 50 anos. Dona da Quitanda da Jô, ela chegou ao litoral em 1999, vinda de Minas Gerais, e desde então fincou raízes profundas na comunidade. Sua história inspira a todos.
Jô comprou seu primeiro quiosque em 2003 e, com o passar dos anos, testemunhou o mar derrubar suas construções mais de uma vez. Mesmo diante das perdas repetidas, ela decidiu permanecer no local, reconstruindo seu negócio e sua vida com determinação notável.
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Atualmente, Jô vive a cerca de 50 metros do novo barranco, formado pela ação contínua do mar. Ela reconhece o risco iminente, afirmando categoricamente: “Quem está errada sou eu, que comprei as casas”, disse ao portal A Tribuna. Contudo, a conexão com o lugar fala mais alto.
Jesusles Fernandes não pensa em partir. Ela declara com convicção: “Só vou embora em último caso. Eu amo ficar aqui. Amo essa emoção que o mar causa”. Essa paixão pelo ambiente costeiro a motiva a enfrentar os desafios diários com coragem e resiliência.
A comerciante ainda se lembra vividamente de uma grande ressaca que enfrentou em julho de 2009. Foram quatro dias de destruição ininterrupta. As águas levaram seu quiosque por completo, um momento de choque e desespero. Jô ficou paralisada, sem acreditar no que via.
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Ela recorda com clareza a cena da perda: “Eu não acreditava, mas eu vi caindo. Não tinha mais nada”. Em suma, mesmo após vivenciar tamanha devastação, a determinação de Jô em continuar seu legado e sua vida na Praia do Leste permanece inabalável, um verdadeiro exemplo de superação.
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