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Mesmo eleito, o brasileiro dom Aloísio Lorscheider optou por não aceitar, pois estava com problemas no coração | Reprodução
Antes do início do papado histórico do João Paulo II, que durou pouco mais de 26 anos, o rumo poderia ter sido diferente, com um brasileiro sendo eleito, ao receber os 2/3 necessários dos votos.
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Embora tenha recebido a quantidade de votos para assumir como novo papa, o brasileiro dom Aloísio Lorscheider, porém, optou por não aceitar, pois estava com problemas de saúde.
A história foi revelada em um artigo publicado pelo escritor e teólogo Frei Betto em abril deste ano. Ele foi citado também no filme "O Poderoso Chefão: Parte 3", ao receber um voto no conclave encenado no longa.
Em outubro de 1978, após a morte precoce do papa João Paulo I, que teve um papado de apenas 33 dias, a Igreja Católica realizou o novo conclave para a escolha de seu sucessor.
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O primeiro cardeal a atingir a maioria necessário dos votos foi um brasileiro: dom Aloísio Lorscheider. Contudo, ele não aceitou assumir o cargo, por problemas de saúde. Segundo Frei Betto, o cardeal estava preocupado com a falta de uma sequência longeva de um papa, com a partida recente de João Paulo I, como citado anteriormente.
Nascido no Rio Grande do Sul, o então arcebispo de Fortaleza tinha oito pontes de safena e um problema no coração recente, o que fez ele optar por não aceitar o cargo, já que não tinha segurança sobre sua saúde.
Com isso, uma nova votação foi organizada, acabando na escolha do polonês Karol Józef Wojtyła, o João Paulo II. Ironicamente, o brasileiro viveu mais que João Paulo II, tendo morrido apenas dois anos depois do pontífice, em 2007.
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Estes detalhes do conclave de 1978 só foram externados em abril deste ano, graças a um artigo publicado pelo escritor e teólogo Frei Betto, que era próximo de Aloísio.
Neto de alemães, ele nasceu no município de Estrela, no Rio Grande do Sul, em 1924.
Dom Aloísio Lorscheider teve uma trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e pelos posicionamentos a favor da democratização do Brasil e contra as torturas praticadas na ditadura militar.
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Viveu também um dos episódios mais marcantes da história recente do Ceará: em 1994, foi sequestrado por internos de um presídio na Grande Fortaleza enquanto fazia uma visita ao local.
Participou de dois conclaves e viveu durante o pontificado de sete papas. O papa quando ele nasceu era Pio XI (1922 a 1939). Aos 23 anos, se ordenou sacerdote, quando a igreja era liderada pelo papa Pio XII (1939 a 1958).
O sucessor de Pio XII foi o papa João XXIII (1958 a 1963), que nomeou dom Aloísio Lorscheider como bispo, em 1962.
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Em seguida, a Igreja foi liderada pelo papa Paulo VI (1963 a 1978). Durante este papo, dom Aloísio Lorscheider foi nomeado como arcebispo de Fortaleza (1973) e recebeu o título de cardeal (1976).
Como cardeal, dom Aloísio Lorscheider participou dos conclaves para eleger os dois papas seguintes: João Paulo I (1978) e João Paulo II (1978 a 2005).
Ele teve a renúncia aceita pelo Vaticano em 2004, um ano antes do conclave que elegeu Bento XVI (2005 a 2013). Dom Aloísio Lorscheider faleceu em dezembro de 2007, sem ter vivenciado o pontificado do papa Francisco (2013 a 2025).
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Seu nome de nascimento era Leo Arlindo Lorscheider, tendo adotado o nome de Frei Aloísio em 1944. Enquanto atuou no Rio Grande do Sul, ele foi bispo de Santo Ângelo e chegou a ser eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em 1973, a ligação de dom Aloísio Lorscheider com o Ceará se fortaleceu, quando se tornou o arcebispo de Fortaleza. Nos 22 anos em que ficou na função, ele ficou conhecido pela participação na vida política, social e religiosa do estado.
Entre suas principais visões, o religioso defendeu o fim dos conflitos por terra no Ceará, os direitos dos marginalizados, a melhor distribuição de renda, a redemocratização do Brasil e o fim das torturas durante a ditadura militar.
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Deixou Fortaleza em 1995, quando passou a ser arcebispo de Aparecida. Em razão da idade, ele precisou renunciar ao cargo no ano 2000, quando passou a ser conhecido como o arcebispo emérito de Aparecida.
Ele morreu em 2007, aos 83 anos. No ano seguinte, o cardeal completaria 60 anos de sacerdócio.
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