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Apreensão de álcool ilegal no Canadá em 1925 | Imagem: Domínio Público
A crise de metanol presente em bebidas alcoólicas, que agora aflige a população brasileira, não é inédita. Na verdade, diversos países possuem histórico de intoxicação por metanol, e entre eles se destacam os Estados Unidos, com a “cegueira do moonshine” (moonshine blindness).
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Essa história começa em 1920, quando a 18ª emenda da constituição nacional dos Estados Unidos proibiu a fabricação, o transporte e a venda de bebidas alcoólicas em todo o território do país.
No começo, a lei seca foi apoiada pela população, que acreditava que isso iria diminuir problemas relacionados à pobreza e violência. Mas a medida, que durou 13 anos, gerou consequências desastrosas. Entre elas, um surto de metanol, substância conhecida por causar danos à saúde, entre eles, a cegueira.
Com a proibição do álcool e o desmonte das grandes destilarias, muitos cidadãos estadunidenses começaram a destilar a própria bebida e surgiram os alambiques clandestinos, que operavam de noite para evitar serem descobertos.
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Daí surgiu o nome “moonshine” (em português, “brilho da lua”) para a bebida de alto teor alcoólico e destilada com materiais improvisados. O uísque resultante estava muitas vezes contaminado com metais pesados dos materiais utilizados, como canos de radiadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, ocorreram surtos de metanol durante a lei seca estadunidense. Embora algumas fontes afirmem que as contaminações foram causadas por pessoas adicionando metanol nas bebidas, para “aumentar a potência”, é possível que sejam resultado da própria destilação.
Qualquer fermentação alcoólica gera metanol como parte do produto final, mas em quantidades muito pequenas, insuficientes para trazer danos ao corpo humano. Mas, como ele possui uma temperatura de ebulição menor do que o etanol, sai primeiro da torneira de destilação.
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Por isso é importante que os primeiros 50–150 mililitros de álcool que saem do destilador sejam descartados. Sem a fiscalização adequada da produção e venda, isso nem sempre acontecia.
Segundo a Tennessee Shine Company, uma marca especializada em fazer moonshine artesanal, com regras modernas de biossegurança, “a melhor maneira de evitar a cegueira do moonshine é não beber moonshine”.
"Você tem um amigo ou vizinho que insiste para que prove o moonshine artesanal que ele mesmo produz? A melhor atitude neste caso é recusar educadamente, dizendo 'obrigado, mas não'. Sobretudo se o produtor caseiro for do tipo 'faça você mesmo' e que não se preocupa em seguir as normas."
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Não há números exatos de vítimas da cegueira do moonshine, mas estimativas falam em centenas ou até milhares. A contaminação de metanol por bebidas caseiras e clandestinas segue, até hoje, sendo uma das maiores causas de cegueira evitável do mundo.
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