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Baleia escondeu fortuna de meio milhão de euros: a descoberta rara que surpreendeu cientistas e vai ajudar vítimas de vulcão. | Reprodução/YT
O corpo de uma baleia morta que apareceu na ilha de La Palma, nas Ilhas Canárias, escondia um segredo valioso. Dentro do animal, havia um grande pedaço de âmbar, uma substância raríssima, também conhecida como "ouro flutuante", que vale uma fortuna. A descoberta surpreendeu até mesmo os especialistas.
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A princípio, ninguém poderia imaginar o tesouro escondido nas entranhas do cachalote. O patologista Antonio Fernández Rodríguez, do Instituto de Bem-Estar Animal e Segurança Alimentar da Universidade de Las Palmas, enfrentou o mar agitado para realizar a autópsia e descobrir a causa da morte do animal.
Sua determinação revelou um achado extraordinário. O âmbar encontrado vale aproximadamente € 500.000, um valor significativo que já tem um destino nobre: beneficiar as vítimas da devastadora erupção vulcânica de 2021 em La Palma. Continue lendo para desvendar todos os detalhes dessa descoberta e seu impacto social.
O patologista Antonio Fernández Rodríguez, chefe do instituto, suspeitou de um problema digestivo na baleia. Ao inspecionar o cólon do animal, sentiu algo duro preso. "O que retirei era uma pedra com cerca de 50 a 60 centímetros de diâmetro e pesando 9,5 quilos", disse ele. Essa "pedra" era, na verdade, âmbar-gris, ou âmbar.
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A descoberta aconteceu em meio à complexidade da autópsia, dificultada pelo mar agitado e pela maré alta. "As ondas atingiram a baleia. Todos estavam observando quando voltei para a praia, sem saber que tinha âmbar nas mãos", relatou Fernández. Assim, o achado foi uma surpresa para todos os presentes.
O âmbar é uma substância rara, de fato. Por séculos, ele tem sido considerado o "Santo Graal" dos perfumistas, sendo extremamente cobiçado na indústria de fragrâncias. Apenas uma em cada cem cachalotes produz essa substância peculiar, o que a torna ainda mais valiosa e difícil de encontrar no mundo.
A descoberta do âmbar-gris intensificou-se no início do século XIX, quando a caça às baleias se tornou mais comum. Esses gigantes marinhos consomem grandes quantidades de lula, mas a maior parte não é digerida, sendo regurgitada. No entanto, alguns resíduos persistem e se acumulam nos intestinos da baleia ao longo dos anos, formando o âmbar.
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Às vezes, o âmbar é excretado naturalmente, por isso pode ser encontrado flutuando no mar. Contudo, em casos muito raros, como o do cachalote em La Palma, o nódulo se torna excessivamente grande. Isso pode causar a ruptura do intestino, levando a baleia à morte devido a ferimentos internos.
O âmbar possui um aroma amadeirado, que lembra o sândalo. No entanto, sua verdadeira preciosidade reside na ambraína, um álcool inodoro que ele contém. Essa substância tem a capacidade única de fixar outros aromas, prolongando a durabilidade e a intensidade das fragrâncias em perfumes de luxo.
Essa propriedade torna o âmbar extremamente procurado por perfumistas de elite em todo o mundo. Por isso, a demanda por essa substância é alta. Contudo, países como EUA, Austrália e Índia proibiram seu comércio. Essa medida visa coibir a caça de baleias e proteger esses animais da exploração.
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O próprio escritor Herman Melville, em sua obra "Moby Dick", dedicou um capítulo inteiro ao âmbar. Ele descreveu a substância como "macio, ceroso e tão perfumado e picante que é frequentemente usado em perfumaria". Melville ironizou: "Quem imaginaria que todas aquelas damas e cavalheiros de voz elegante se dariam ao luxo de uma infusão das entranhas inglórias de uma baleia doente!".
Segundo o patologista Antonio Fernández, que já realizou autópsias em mais de mil baleias, o cachalote de La Palma morreu de envenenamento do sangue. Essa condição foi causada justamente pelo grande nódulo de âmbar-gris em seu intestino. O tamanho excessivo da substância se tornou fatal para o animal.
Atualmente, o instituto de Fernández procura um comprador para o valioso pedaço de âmbar. O desejo do patologista é que o dinheiro arrecadado com a venda beneficie as vítimas da erupção vulcânica de 2021 em La Palma. A catástrofe causou mais de € 800 milhões em danos, destruindo centenas de casas e empresas na ilha.
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"As leis são diferentes em cada país", explicou Fernández, referindo-se aos desafios na comercialização do âmbar. "Neste caso, espero que a renda vá para a ilha de La Palma, onde a baleia encalhou e morreu". A iniciativa busca transformar uma tragédia natural e um achado raro em esperança para a comunidade local.
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