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Como a loja mais luxuosa da América Latina foi à ruína em SP

A butique que virou símbolo do consumo de luxo nos anos 1990 terminou em crise e escândalos

Raphael Miras

24/09/2025 às 12:16

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Com dívidas crescentes, a Daslu entrou em recuperação judicial em 2009

Com dívidas crescentes, a Daslu entrou em recuperação judicial em 2009 | Divulgação

Durante décadas, o nome Daslu foi sinônimo de exclusividade e ostentação na capital paulista. 

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Fundada nos anos 1950 por Lúcia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha, a loja começou como uma pequena butique voltada à elite paulistana. 

O espaço logo conquistou clientes fiéis e se consolidou como endereço obrigatório para quem buscava o que havia de mais sofisticado na moda internacional.

A ascensão do “templo do luxo”

O grande salto da marca aconteceu nos anos 1990, sob o comando de Eliana Tranchesi, que transformou a Daslu em um verdadeiro ícone do consumo de alto padrão. 

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Em 2005, foi inaugurada a Villa Daslu, um prédio de 17 mil metros quadrados na Vila Olímpia, reunindo mais de 60 grifes internacionais sob o mesmo teto.

O espaço rapidamente se tornou um marco na cidade. Frequentado por empresários, celebridades e até políticos estrangeiros, era considerado um dos maiores templos de luxo da América Latina. 

Para muitos, visitar a Daslu era mais do que fazer compras: tratava-se de um ritual de status social.

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O escândalo que abalou o império

O glamour, no entanto, durou pouco. Poucos dias após a inauguração da Villa, a loja foi alvo da Operação Narciso, deflagrada pela Receita Federal e pela Polícia Federal. 

A investigação revelou um esquema de subfaturamento de importações que permitia à empresa pagar menos impostos.

Em 2009, Eliana Tranchesi chegou a ser condenada a 94 anos de prisão por crimes relacionados ao caso, embora tenha recorrido em liberdade. A repercussão foi imediata: a marca perdeu credibilidade, clientes se afastaram e o negócio mergulhou em crise.

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A queda e o fim das lojas físicas

Com dívidas crescentes, a Daslu entrou em recuperação judicial em 2009. Dois anos depois, parte de seus ativos foi leiloada. Em 2014, a marca foi adquirida pela Laep Investments, mas não conseguiu retomar o prestígio de antes.

Em 2016, as lojas físicas fecharam definitivamente. Eliana Tranchesi havia falecido em 2012, vítima de câncer no pulmão, e seu irmão, Antônio Tranchesi, também investigado, deixou o varejo. 

O encerramento das atividades marcou o fim de um ciclo de luxo ostentatório que parecia intocável.

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O símbolo de uma mudança de época

Para especialistas, a trajetória da Daslu mostra como até marcas voltadas para a elite podem ruir diante de má gestão, escândalos judiciais e mudanças no comportamento de consumo. 

Se nos anos 1990 o luxo era exibido em espaços grandiosos e exclusivos, hoje o mercado se reinventa com experiências digitais, atendimento personalizado e novas formas de exclusividade.

A memória da Daslu permanece como um símbolo paradoxal: de um lado, o fascínio por um período em que São Paulo viveu seu auge do glamour; de outro, a lembrança de um escândalo que expôs fragilidades de um império construído sobre excessos.

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Mais do que uma loja, a Daslu se tornou um retrato de uma época da cidade — uma era em que a elite paulistana buscava se distinguir em templos privados do consumo, até ver esse modelo desmoronar diante das transformações sociais e econômicas do País.

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