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Por trás da massa bem assada, dos objetos antigos e das paredes cheias de histórias, a Bendita Maria se guia por uma filosofia simples: cuidar de cada pessoa que entra. | Raphael Miras/Gazeta S.Paulo
Na Mooca, bairro onde a história de São Paulo ainda parece correr pelos trilhos, uma pizzaria se tornou ponto de encontro obrigatório de famílias, amigos e apaixonados por boas histórias.
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Desde 2005 na Rua dos Trilhos, a Bendita Maria transformou um antigo externato em endereço indicado para quem busca pizza, memória afetiva e um atendimento que trata o freguês pelo nome.
Mais do que servir massa e recheio caprichado, a casa se consolidou como um pequeno museu da vida cotidiana, preservando objetos de outras épocas e o próprio prédio, que já sentiu de perto os impactos da Revolta Paulista de 1924.
A Bendita Maria funciona em um prédio da década de 1920, no número 1269 da Rua dos Trilhos. Antes de virar pizzaria, o imóvel abrigou o Externato Mattoso, colado ao vai e vem dos trens e ao crescimento industrial da região.
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Durante a Revolta de 1924, quando São Paulo virou campo de batalha, o casarão foi atingido. Quase cem anos depois, segue de pé, agora como palco de encontros em vez de conflitos. O CEO da casa, Samuel, gosta de lembrar que ali “não é só um ponto comercial: é um pedaço da história da Mooca”.
Quase duas décadas após a inauguração, em abril de 2005, a pizzaria caminha para sua segunda década de funcionamento mantendo o elo com o bairro. E a história já não fica restrita à zona leste: a marca também ganhou uma unidade na Vila Mariana, no Vilarejo Klabin, com ambiente acolhedor e pet friendly.
Se a fachada antiga entrega tradição, o cardápio mostra que a Bendita Maria também sabe inovar. O grande diferencial da casa é a pizza por metro, servida em formato retangular, com massa fina, recheio generoso e ingredientes de primeira linha.
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A ideia nasceu de uma viagem à Itália de um dos sócios, que voltou encantado com o conceito de cobrar a pizza pelo comprimento.
Com o tempo, a proposta foi adaptada ao gosto paulistano: hoje, a casa trabalha com tamanhos padronizados, como meio metro mais estreito e um quarto de metro, que rende quatro ou oito pedaços. Em uma mesma peça, é possível combinar até três sabores diferentes.
Essa versatilidade agrada grupos grandes, famílias com gostos distintos e mesas indecisas. Em vez de negociar sabores, cada um escolhe o seu, e a pizza por metro faz a mediação.
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No cardápio, há espaço tanto para clássicos quanto para combinações pouco comuns. A casa aposta em sabores agridoce e em receitas que fogem do óbvio. Uma delas nasceu da sugestão de clientes libaneses e leva basturma, uma carne defumada típica árabe, que virou queridinha dos habitués.
Samuel costuma brincar com um raciocínio que resume bem o espírito da casa: “A melhor pizza do mundo é a brasileira, a melhor do Brasil é a paulista, e a melhor da paulista está na Mooca, na Bendita Maria”.
Entrar na Bendita Maria é um pouco como visitar a casa de uma nonna modernizada. A decoração, totalmente original, mistura o rústico, o retrô e o lúdico em um ambiente que homenageia os antigos cortiços italianos da Mooca.
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São mais de 500 itens antigos espalhados por paredes e tetos: utensílios de cozinha, panelas, formas, garrafas, relógios, móveis e peças que muita gente só viu em foto antiga.
Entre os destaques estão máquinas de costura robustas, balanças de ferro, ferros de passar a carvão, geladeiras e fogões de outra era. Uma calculadora da década de 1940 é apontada como uma das peças mais antigas do acervo.
A sensação é de caminhar por um cenário que mistura memória familiar e história da cidade. Cada cantinho parece render um comentário: “minha avó tinha um igual”, “meu pai usava isso”, “na casa da tia tinha um assim”. Essa troca espontânea ajuda a criar o clima de intimidade que a casa cultiva desde o primeiro dia.
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O espaço foi pensado para receber grupos de diferentes perfis. A casa é dividida em vários ambientes e comporta até 250 pessoas – ou cerca de 220 em formato de eventos e confraternizações.
Empresas costumam reservar o espaço para encontros de fim de ano, aniversários e comemorações diversas. A alta procura por locação mostra que a pizzaria virou cenário recorrente de momentos em família e encontros de trabalho mais descontraídos.
Outro capítulo importante da experiência é a adega, que reúne diversos rótulos para harmonizar com as pizzas por metro e outros pratos do cardápio.
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A proposta é permitir que o cliente escolha se quer uma noite mais informal, de chope e conversa solta, ou uma combinação mais sofisticada, com vinho e degustação sem pressa.
Para completar o clima, a casa ainda reserva espaço para música ao vivo. Em algumas noites de quinta-feira – em um esquema de “quinta sim, quinta não” – um músico assume o sax e preenche o salão com trilhas que vão do jazz a clássicos que combinam bem com a atmosfera nostálgica da Mooca.
A ideia não é transformar a pizzaria em casa de shows, mas dar um toque a mais para quem quer estender o jantar, brindar e aproveitar a noite.
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Na rua, um detalhe prático faz diferença: a poucos metros da porta, há um estacionamento conveniado, a cerca de 20 metros do salão, o que facilita a vida de quem chega de carro.
Por trás da massa bem assada, dos objetos antigos e das paredes cheias de histórias, a Bendita Maria se guia por uma filosofia simples: cuidar de cada pessoa que entra. A regra da casa é clara e conhecida pela equipe: “entra cliente, sai amigo”.
Isso aparece na forma de explicar o cardápio sem pressa, sugerir combinações de sabores, ajustar a pizza ao paladar da mesa ou adaptar o ambiente para famílias com crianças, grupos grandes e casais. O foco declarado está na qualidade das instalações, dos produtos e, sobretudo, do atendimento.
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Quase vinte anos após abrir as portas, a pizzaria mantém um pé firme no passado – no prédio que resistiu à Revolta de 1924 e na homenagem aos imigrantes italianos – e outro na inovação, com sua pizza por metro e sabores que se renovam a cada ano.
No fim das contas, é essa combinação que faz da Bendita Maria um endereço evergreen na Mooca: um lugar onde a história da cidade, a memória da casa dos avós e a vontade de experimentar algo diferente se encontram em torno da mesma mesa.
E, para muita gente, é um daqueles casos em que a frase do dono faz todo sentido: a pizza pode até ser medida em metros, mas a lembrança fica guardada por anos.
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