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Pesquisas indicam que ferramentas de IA já são capazes de interpretar sons, gestos e até emoções de cães e gatos | Ilustração/GazetaSP
Conversar com o próprio cachorro ou entender o que o gato realmente quer pode deixar de ser um sonho. Cientistas estão desenvolvendo tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) capazes de traduzir sons e comportamentos de animais em linguagem humana.
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Essa comunicação bidirecional entre espécies, antes restrita à ficção científica, está cada vez mais próxima da realidade. O avanço é impulsionado por softwares de aprendizado de máquina e por uma nova geração de equipamentos de gravação e análise de sons.
De acordo com pesquisadores, essa inovação pode transformar profundamente a forma como os humanos entendem o comportamento, as emoções e até o bem-estar de seus animais de estimação.
Humanos e animais se comunicam há milhares de anos, mas até agora essa troca era limitada. Cães entendem comandos simples, como “senta” e “fica”, enquanto humanos interpretam gestos ou latidos de acordo com o contexto.
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Entretanto, novas tecnologias estão prestes a romper essa barreira. Usando algoritmos semelhantes aos que permitem que o ChatGPT compreenda e gere textos, pesquisadores conseguem identificar padrões complexos nos sons e expressões corporais dos bichos.
Esses padrões podem revelar estados emocionais, intenções e necessidades. “É como traduzir um novo idioma”, explicam os cientistas envolvidos no projeto Earth Species, uma iniciativa global voltada à comunicação não humana.
A inteligência artificial funciona analisando grandes volumes de dados — no caso, gravações de áudio e vídeo de animais em diferentes situações. Ao comparar sons, gestos e reações, o sistema aprende a reconhecer quando o animal está feliz, ansioso ou com medo.
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Pesquisas recentes mostram que cães e gatos produzem diferentes frequências e padrões sonoros dependendo do contexto. A IA, com seu poder de análise, consegue decodificar essas variações e associá-las a significados.
O resultado? Uma tradução que transforma expressões, sons e comportamentos em frases compreensíveis — e que, em breve, pode ser acessada por aplicativos no celular.
Antes da IA, poucos casos de comunicação animal haviam sido bem-sucedidos. Um dos mais famosos foi o de Koko, a gorila que aprendeu linguagem de sinais e conseguiu expressar sentimentos complexos. Papagaios-cinzentos também demonstraram habilidades de fala comparáveis às de crianças pequenas.
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Agora, com o aprendizado de máquina, cientistas podem aplicar a mesma lógica em espécies domésticas. O objetivo é permitir que qualquer pessoa entenda o que seu animal está tentando dizer, sem precisar de anos de treinamento especializado.
Segundo o neurocientista Kevin Coffey, criador do software DeepSqueak, “a IA não é mágica, mas pode ajudar biólogos e tutores a entenderem melhor o que os animais estão expressando”.
Outro avanço importante vem da bioacústica digital — uma técnica que utiliza microfones minúsculos para gravar sons em diferentes ambientes. Esses dispositivos registram 24 horas por dia, 7 dias por semana, coletando dados que alimentam os sistemas de IA.
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Com esse volume de informações, os algoritmos conseguem identificar padrões até então imperceptíveis para o ouvido humano. É a união entre tecnologia e biologia a serviço de uma comunicação inédita.
O potencial dessa tecnologia vai muito além da curiosidade. Entender o que os animais dizem pode revolucionar a forma como as pessoas lidam com o bem-estar e os direitos deles. Especialistas acreditam que, ao ouvir o sofrimento ou a alegria de um animal, os humanos tendem a desenvolver mais empatia.
Mas o progresso vem acompanhado de dilemas éticos. E se empresas usarem essa tecnologia para explorar os bichos, manipulando sons para aumentar a produção na pecuária ou atrair peixes na pesca industrial?
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Por outro lado, o mesmo recurso pode salvar vidas. Se uma galinha em uma granja ou um cachorro de rua conseguir “dizer” que está em sofrimento, o impacto sobre leis e políticas de proteção animal será enorme.
Embora ainda em fase experimental, os cientistas acreditam que em poucos anos os tutores poderão baixar aplicativos capazes de interpretar os sons dos pets em tempo real. Assim, bastaria apontar o microfone do celular para o animal e ouvir uma tradução aproximada do que ele quer dizer.
Esse avanço promete mudar o relacionamento entre humanos e animais domésticos. Afinal, compreender seus sentimentos e necessidades é o primeiro passo para um convívio mais empático e harmonioso.
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Se antes falávamos com nossos pets sem resposta, agora a tecnologia pode dar voz a quem, por milênios, só podia se expressar por gestos e olhares.
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