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Povo mais antigo que os egípicios usava técnica de mumificação por defumação para preservar a mem´ria dos mortos | Foto: Divulgação/PNAS
Muito tempo antes de os egípcios desenvolverem suas técnicas sofisticadas de embalsamento, povos do sudeste asiático já dominavam a arte de mumificação.
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Recentemente, pesquisadores identificaram evidências de múmias de aproximadamente 12 mil anos atrás – 7 mil anos antes das primeiras descobertas no Egito.
Um estudo publicado em 15 de setembro de 2025 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences explica que caçadores-coletores (seres humanos cujas sociedades dependiam da caça e da coleta de recursos naturais para a subsistência, em vez de agricultura e pecuária), que viviam no Sul da China, no sudeste asiático e em ilhas como Bornéu e Java (atual Indonésia), adotavam um ritual minimamente diferente para preservar seus mortos.
Os corpos eram amarrados em posição de agachamento e expostos por meses à fumaça de fogueiras de baixa temperatura, o que desidratava lentamente a pele e impedia a decomposição dos ossos.
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A prática, conhecida como mumificação por defumação, tem paralelos com tradições observadas historicamente em comunidades indígenas australianas – e em alguns povos sobreviventes na região de Nova Guiné.
Os pesquisadores analisaram 95 sítios arqueológicos, nos quais muitos apresentavam sinais de exposição ao fogo, como manchas escuras nos ossos. O grupo fez testes de laboratório, e 54 destes 95 esqueletos revelaram alterações moleculares consistentes com aquecimento prolongado em baixas temperaturas.
A defumação preserva os ossos (e outros materiais) porque a fumaça da madeira contém compostos como aldeídos (que são bactericidas), fenóis (que são antioxidantes) e ácidos orgânicos (com efeito preservante), que impedem a proliferação de microrganismos e a decomposição.
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Além disso, o calor e a exposição à fumaça removem a umidade, um fator crucial para a conservação, criando uma espécie de película protetora na superfície do material.
A descoberta reforça a teoria de que a mumificação por fumaça está ligada a crenças ancestrais que visam à preservação do corpo como forma de manter viva a memória dos mortos. Hsiao-chun Hung, da Universidade Nacional Australiana, que liderou o estudo, à revista Science News, acredita que essas práticas possam ter raízes ainda mais antigas, ligadas às migrações humanas a partir da África há cerca de 60 mil anos.
O achado também compara o olhar que outras tradições de mumificação. O povo Chinchorro, no atual Chile, desenvolveu técnicas de embalsamamento há cerca de 7 mil anos, removendo órgãos e deixando os corpos secarem naturalmente no deserto. Já os egípcios passaram a usar resinas e outras substâncias por volta de 6.300 anos atrás.
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